A gestora Monte Capital Management adquiriu três quartos do fundo Yosemite na Invepar, controladora do Aeroporto de Guarulhos. Juntamente com o FI-FGTS, que detém um quarto do Yosemite, a Monte assume uma posição de 25% na holding de infraestrutura, que tem o restante do seu capital nas mãos dos fundos de pensão Petros, Previ e Funcef, com fatias de mesmo porte.

A entrada de um novo sócio na Invepar vem sendo colocada como um cenário provável desde que a OAS oficializou sua saída do grupo, em 2019, quando foi constituído o fundo Yosemite, com ex-credores da empreiteira. No mercado, a avaliação é que a companhia de infraestrutura ficou “acéfala” sem a OAS e que precisaria de um sócio com visão estratégica do setor para voltar a crescer.

Setor aeroportuário é atualmente visto como principal chance de a Invepar, impactada por dívida, voltar a crescer

A reestruturação do Yosemite, comandada pela Sinchro Partners, envolveu a venda de 100% dos direitos econômicos remanescentes dos detentores de bonds (ex-credores da OAS) no exterior, concentradas em um instrumento de dívida chamado equity linked notes. A Monte Equity Partners, outra empresa do grupo Monte, já detinha a maior parte dos bonds.

Além disso, a Monte aportou recursos no fundo para pagamento de credores no Brasil. Os valores não foram divulgados.

Sob nova configuração, o Yosemite deve fazer duas indicações ao conselho de administração da Invepar. Julio Zogbi, um dos fundadores da Monte, disse que enxerga boas perspectivas para o aeroporto de Guarulhos neste ano, “tanto de crescimento quanto na perspectiva de atração de novos investidores”.

Hoje, o aeroporto é o principal negócio do grupo. Com a venda de ativos, a Invepar tem conseguido reestruturar sua dívida, após dois anos marcados por uma sequência de dificuldades, como o pedido de anulação do contrato da Linha Amarela no Rio de Janeiro e a pandemia.

No fim do ano passado, o grupo transferiu a concessão do MetrôRio aos seus credores (principalmente Mubadala e Farallon), aliviando seu endividamento. A dívida da empresa com os grupos, que chegou superar R$ 2,5 bilhões, caiu para menos de R$ 800 milhões, de acordo com suas demonstrações financeiras.

A Invepar também poderá transferir a Linha Amarela aos credores para quitar a dívida, mas isso ainda dependerá de uma decisão favorável à empresa na disputa judicial com a prefeitura do Rio.

Com a transação, a Monte, que já opera rodovias, também entra no segmento de aeroportos, com a operação em Guarulhos. A holding de infraestrutura tem ainda mais quatro rodovias e uma participação no VLT carioca.

O setor aeroportuário hoje é visto como a principal chance de a Invepar voltar a crescer. Desde o fim do ano passado, a empresa busca um sócio para o aeroporto paulista – os processos de venda da fatia da Yosemite e da seleção desse novo parceiro vinham correndo de forma independente. O grupo havia contratado o Goldman Sachs para prospectar interessados, que poderiam ser desde grupos como o CCR e operadores internacionais ou fundos de investimento interessados em entrar no setor.

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Exclusivo: Gestora Monte Capital compra fatia do fundo Yosemite

A ideia da Invepar, com a entrada desse novo sócio, é criar uma plataforma para investir em aeroportos e, possivelmente, participar dos próximos leilões.

A Monte controla as concessões Bahia Norte, na Bahia, e Rota dos Coqueiros e Rota do Atlântico, em Pernambuco, por meio da Monte Rodovias. O Valor apurou que a empresa fez uma proposta pela Concessionária Litoral Norte (CLN), na Bahia, que passa por um processo competitivo de venda. A rodovia, controlada pela Invepar, tem 183 km e liga o município de Lauro de Freitas (BA) à fronteira com o Estado Sergipe.

A Monte não quis comentar as informações sobre possível compra da CLN, mas disse que estuda 15 possíveis alvos de aquisição no momento, a maioria no Nordeste. Sem concluir o plano de abertura de capital na bolsa no ano passado, a empresa recorreu ao mercado de dívida para se capitalizar. Foram feitas duas emissões de debêntures, no valor total de R$ 200 milhões.

Fábio Bonini, diretor financeiro da Monte Rodovias, diz que a empresa está se preparando para disputar o leilão de rodovias estaduais em Pernambuco, as PEs 050, 060 e 090. “Estamos prontos para fazer uma boa proposta”, disse.

Para leilões de maior porte, como os das BRs 232 e 101, a companhia deve precisar recorrer a uma nova capitalização. “Quando houver uma nova janela, podemos voltar a falar em IPO. No momento, o mercado de dívida está mais aquecido”… Leia mais em Revista Ferroviária 18/01/2022