O plano de atingir R$ 600 milhões de faturamento em quatro anos, conforme o pretendido pela XYZ Live – a empresa de conteúdo, entretenimento e esportes do Grupo ABC – pode parecer audacioso. Mas não é, na opinião de seus próprios concorrentes. Em franca expansão, esse mercado movimenta cerca de R$ 11 bilhões por ano. Portanto, dizem eles, a XYZ Live tem condições de atingir 6% do mercado.

A XYZ anunciou ontem uma reestruturação com a intenção de se tornar forte participante desse setor, hoje bastante pulverizado. A empresa pretende captar R$ 150 milhões para expansão. Quer fazer aquisições nas áreas de marketing esportivo, entretenimento, exposições, seminários, fóruns e feiras. ‘Buscamos um investidor em bancos e fundos de investimento e tivemos ótima receptividade’, conta Bazinho Ferraz, que, além de sócio do Grupo ABC, vai agora presidir a operação ao lado do executivo Manuk Masseredjian.

‘Queremos ter uma empresa de associados, bem no estilo de operação de escritórios de advocacia, como o Pinheiro Neto. Seremos um negócio grande, se mantivermos os talentos estimulados com dividendos e salários. Somos de um ramo em que talento faz diferença. Temos de retê-los’, diz Ferraz.

A atual reestruturação, feita quatro meses após a criação da XYZ, mantém o funcionamento em nove unidades de negócios, assim como os 160 funcionários. O negócio, como explica Ferraz, vai se organizar em três blocos: o dos sócios majoritários, constituído pelos mesmo sócios do Grupo ABC (além de Bazinho Ferraz, os publicitários Nizan Guanaes, Guga Valente, Sergio Valente e o Banco Icatu); o dos sócios executivos; e um terceiro bloco que será constituído com o futuro sócio investidor.

A reorganização da operação também é decorrência da saída do executivo André Mantovani, que presidia a XYZ. No meio publicitário, não foi surpresa a saída dele. Na estrutura de governança montada pelo Grupo ABC, Mantovani presidia e, ao mesmo tempo, tinha de se submeter aos sócios majoritários, o que muitos consideravam uma posição difícil.

Estrangeiros. O potencial de crescimento do mercado de entretenimento e esportes tem atraído grandes grupos estrangeiros, assim como motivou as famílias Marinho, da Rede Globo, e Sirotsky, da RBS, a montarem a Geo Eventos. O presidente da Geo, Leonardo Ganem, diz que o mercado está movimentado mesmo com a crise global.

‘Haverá um período de consolidação, com a compra de muitas pequenas e médias empresas’, avalia ele. ‘Acredito que, em três anos, 40% desse setor ficará nas mãos de cinco ou seis empresas.’ Com planos de ter a Geo entre elas, Ganem diz que a empresa terá receita de R$ 700 milhões em quatro anos.

Na XYZ, o movimento de aquisições já começou com a compra da Esfera BR, um negócio em torno de R$ 30 milhões. Com cerca de 200 eventos, como corridas de rua, ciclismo, natação e futebol, além de feiras destinadas ao setor, a empresa vai reforçar os planos de crescimento do braço de conteúdo do Grupo ABC.

Fonte:estadao23/8/2011