Enquanto tenta vender a alavancada InterCement e salvar as ações na CCR, o Grupo Mover (Camargo Corrêa) conseguiu fechar a venda de sua empresa de outsourcing. Os compradores da Vexia são Francisco Ricardo Blagevitch, empresário que fundou a Asyst, depois vendida ao grupo Algar Tech, e Sami Arap, advogado especializado em M&A e compliance.

A Mover buscava um comprador para a Vexia há pelo menos sete meses, num processo que atraiu nomes como BDO, Kroll e Accenture, apurou o Pipeline. Os interessados queriam a carteira de clientes (que inclui as subsidiárias da holding dos Camargo Corrêa), dando vantagem à proposta de Blagevitch e Arap de assumir de fato a empresa com seus funcionários.

“A Vexia é um dos primeiros Centros de Serviços Compartilhados (CSC) do país, com mais de 20 anos de operação, e veio se transformando cada vez mais em uma empresa de tecnologia, mas cada um queria um pedaço. A gente comprou o CNPJ, com seus 350 funcionários”, conta Blagevitch ao Pipeline. “Quando há um turnaround, o novo dono corta cargos para ganhar eficiência. Aqui nós vamos acelerar, para chegar a mil funcionários até o final de 2025”.

O plano Vexia Mil também inclui triplicar a receita, que fechou no ano passado em torno de R$ 50 milhões, transacionando mais de R$ 7 bilhões de contas a pagar e receber dos clientes. Os novos donos vão ter mesmo que dar um chacoalhão na operação. Ao decidir vender a Vexia, a Mover colocou a companhia em compasso de espera. Desativou a força comercial, parando de vender contratos para novos clientes ou buscar aumentar vendas dos nomes que já atendia. A companhia ficou deficitária, mas os donos não abrem os números exatos – mas sem passivo trabalhista ou dívida bancária, afirmam.

A primeira providência foi transformar a empresa novamente em limitada, já que a Mover tinha convertido em S/A. Desde o início de abril, quando assumiram a operação, a dupla começou rapidamente a implementar mudanças. Criou um programa de participação nos lucros para os funcionários, com incentivo de venda também para os gerentes de área, que participavam pouco da frente comercial. Na carteira de pouco mais de 100 clientes, há mais de 21 segmentos de atuação, como agro, finanças e automotivo. Cerca de 30% da receita vem das empresas da Mover, que seguem clientes.

Blage, como é mais conhecido, já tinha chamado Arup para investir em conjunto em algumas empreitadas, mas até então ele preferia se limitar ao cuidado dos contratos. Na Vexia, no entanto, resolveu entrar como acionista também dado que uma das verticais com potencial de crescimento da companhia é GRC – que atua em serviços de governança, análise de risco e compliance.

“O Blage é o cara da tecnologia e eu, do jurídico. As grandes consultorias vendem pacote fechado, um software que, para você ter acesso ao que quer, tem que levar também a licença do que não quer. Na Vexia a gente consegue fazer isso de forma muito mais customizada”, diz Arap, hoje baseado em Nova York e com passagem por grandes grupos, como Odebrecht. Ele é sócio do escritório Arap Nishi & Uyeda e consultor jurídico no Fox Horan & Camerini, e tem 30% da Vexia.

No outsourcing, o novo controlador da Vexia fica à vontade. Blage chegou a 3 mil funcionários na Asyst quando fechou negócio com o mineiro Algar, em 2013. A companhia, naquela época, já atuava em outros três países … leia mais em Pipeline 29/04/2024