A Igah Ventures começou a levantar seu quarto fundo para investimento em startups, agora em nova configuração. A gestora nasceu da fusão, há pouco mais de dois anos, da e.bricks e da Joá Investimentos. Agora, os sócios oriundos da Joá – Luciano Huck, Gilberto Sayão e Rodrigo Xavier –, bem como Eduardo Melzer, um dos fundadores da e.bricks, deixarão de compor o negócio.

O grupo de sócios capitalistas continuará no comitê do terceiro fundo, mas já sem vínculos com novos projetos da casa. Eles não entram na composição do quarto fundo da Igah e também encerram a exclusividade, podendo investir em veículos de venture capital de outras casas. O grupo, aliás, deve anunciar uma ancoragem do tipo em breve, diz uma fonte, num veículo que deve incluir seed.

À frente da Igah, continuam os sócios executivos Pedro Melzer e Márcio Trigueiro. “Do ponto de vista de gestão, não muda nada. Sempre foi o Pedro e o Márcio à frente do negócio. Muda a composição de funding, mas como havia um certo atrito entre os grupos, melhor assim”, diz um investidor de fundo da Igah, que pretende entrar também no novo veículo. Thiago Maluf e Camila Sangali também integram a equipe de sócios executivos da gestora.

“Eles não são mais sponsors para os próximos fundos e nesse contexto não tem ‘no compete’. Não tivemos desavença com relação a oportunidade de investimento e nosso convívio no comitê sempre foi harmônico, alguns vezes concordando outras discordando, como é a função de um comitê”, diz Trigueiro ao Pipeline.

Igah parte para o quarto fundo
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A Igah enviou uma carta aos investidores e investidas informando da mudança, uma movimentação discreta ainda em junho. “A reação que tivemos foi muito tranquila, temos uma base de investidores que está com a gente há bastante tempo, sabem como a Igah opera e gostam de uma equipe dedicada em tempo integral”, afirma Melzer. “Mantemos a mesma estratégia, que é preferencialmente liderar rodadas série A, mas podendo entrar em B ou C.”

O quarto fundo vai buscar US$ 150 milhões, com um primeiro closing já no fim do ano em torno de US$ 80 milhões. Para Melzer e Trigueiro, o histórico de desempenho dos fundos dão tranquilidade sobre a retenção de investidores e atração de novos cotistas.

No primeiro fundo, de R$ 100 milhões, uma das melhores apostas foi a RockContent, que rendeu 9x o capital investido. O fundo também ganhou com Contabilizei – R$ 90 milhões na venda para o Goldman Sachs, um múltiplo de 10x – e com a venda parcial de Infracommerce (ainda mantém parte dessa posição, que ainda gera alguma volatilidade no retorno com a queda das ações, o que vai definir se o retorno fecha em 5x ou 6x). Foram 16 investimentos, três ainda ativos.

No segundo fundo, de R$ 200 milhões, a Igah já distribuiu R$ 130 milhões e deve entregar algo em torno de 4x, segundo Melzer. É nesse veículo que estão investidas como Arquivei, Jusbrasil, Ambar Technology e Sanar. “Também tivemos algumas perdas nos nossos fundos, que é inerente ao negócio de venture capital, mas estamos muito confortáveis de não ter a dependência de um ou outro ativo no fundo 2″, diz o gestor. “Já no fundo 3, que é de 2020, tivemos a grata surpresa de alguns eventos bem relevantes.”

No jargão do mercado, a Igah deu uma “porrada” com a iDtech Unico, onde seu aporte de R$ 30 milhões se transformou numa posição de R$ 570 milhões. A startup foi avaliada, na última rodada, em US$ 2,6 bilhões – e ainda não perdeu fôlego mesmo com a mudança de humor do mercado.

A Igah também foi uma das primeiras investidoras da Avenue, fintech que fechou acordo de venda ao Itaú, avaliada em R$ 1,4 bilhão, e na Conexa Saúde, que há dois meses fez uma rodada com Goldman Sachs e General Atlantic, com aporte de R$ 200 milhões em pleno inverno tech.

Também é investidora, por meio desse fundo de US$ 130 milhões, na CRM&Bonus, companhia que fez rodada com o Softbank e Riverwood no ano passado, um negócio que acelerou crescimento este ano – já foram dois M&As. O Softbank, aliás, também é cotista do fundo 3 da Igah.

“O venture capital tem uma lógica de crescimento acelerado, mas temos também pragmatismo de saída. “… leia mais em Pipeline 17/08/2022