Nem mesmo o avanço da fusão entre BrMalls (BRML3) e Aliansce Sonae (ALSO3) deve acelerar o processo decisório da Iguatemi (IGTI11) dentro do jogo de consolidação que está acontecendo agora no setor de shoppings centers.

Em entrevista ao InfoMoney, a CEO da Iguatemi, Cristina Betts, disse que a empresa pretende participar do movimento de consolidação, mas “quando for oportuno”, por avaliar que o cenário atual é “instável” e “desafiador”, com juros altos e inflação.

Segundo ela, a recente reestruturação societária do grupo visa exatamente a consolidação de mercado, a exemplo da união entre BrMalls e Aliansce Sonae, anunciada no final de abril, que ainda depende de aprovação de acionistas e do Cade.

No jargão empresarial, “consolidação de mercado” significa a concentração de um setor em um número menor de empresas, criando companhias resultantes de maior porte.

Iguatemi e Brookfield

O grupo canadense Brookfield vem sondando o setor sobre a venda de seu portfólio de shoppings, e tem parceria com o Iguatemi no Shopping Pátio Higienópolis. Mas, segundo Betts, na terça-feira o Brookfield anunciou que está “retirando o time de campo”, “exatamente porque o cenário é incerto” e “é difícil dizer o que é preço”.

Novas conversas dependem “mais da Brookfield do que da gente”, afirmou a executiva. Mais cedo, na teleconferência sobre a divulgação de resultados da Iguatemi, Betts já havia afirmado que as condições pioraram neste primeiro trimestre, e que a empresa pretende retomar fusões e aquisições em momentos mais propícios.

Na entrevista, ela reforçou que não vê uma “ameaça muito grande” na fusão entre BrMalls e Aliansce Sonae, à medida que a Iguatemi tem um portfólio distinto, mais focado em público médio e alto.

“Continuaremos atraindo porque temos um público de altíssima qualidade”, disse. Assim, empresas que querem se posicionar no Brasil são muitas vezes atraídas a vitrines em espaços geridos pela Iguatemi.

Iguatemi (IGTI11) espera momento oportuno

Impacto Infracommerce

A Iguatemi teve prejuízo líquido de R$ 16,4 milhões no primeiro trimestre de 2022, revertendo lucro de um ano antes. O resultado foi pressionado pela desvalorização da fatia da companhia na Infracommerce (IFCM3), cujo preço das ações está se desvalorizando.

Excluindo o efeito da queda no valor das ações da empresa de infraestrutura de software para comércio eletrônico, a Iguatemi teria lucro líquido de R$ 40,9 milhões de janeiro a março.

Ao InfoMoney, Betts disse que, atualmente, a Iguatemi tem posição de cerca de 11% na Infracommerce – em abril de 2021, antes da IPO, eram 16%.

No entanto, disse que, pelo preço do momento da aquisição da participação, realizada por meio de um fundo de investimentos, a Iguatemi ainda tem um resultado “bastante positivo”, e que a companhia continua vendo o investimento como “interessante”. “É um investimento sólido, mas uma indústria volátil.”

Ela defendeu que os resultados da Infracommerce são consistentes, com melhora significativa de receitas, e afirmou que não há planos para se desfazer dos ativos, que disse ver como excessivamente descontados.

Recuperação dos aluguéis

Ao InfoMoney, Guido Barbosa de Oliveira, CFO e diretor de relações com investidores da Iguatemi, afirmou que a empresa obteve um ajuste médio de 48,7% nos aluguéis no primeiro trimestre de 2022 frente ao mesmo período de 2019, antes dos efeitos da pandemia.

O ajuste ainda fica abaixo dos índices de inflação aplicados pela empresa, de cerca de 50% no período. Em abril, o ajuste ficou levemente acima da inflação frente a 2019, afirmou a CEO Cristina Betts……… leia mais em Infomoney 04/05/2022