A transmissora de energia Sterlite incluiu em seu plano de crescimento para os próximos anos no Brasil a possibilidade de aquisição de empreendimentos operacionais, marcando uma mudança na estratégia do grupo de origem indiana que ficou conhecido por seu forte apetite nos leilões de novos projetos promovidos pelo governo, disse à Reuters o CEO da unidade brasileira, Amitabh Prasad.

Enquanto estuda o mercado para potenciais aquisições, a Sterlite intensificará sua aposta nos certames para continuar expandindo seu portfólio, além trabalhar para iniciar até o fim deste ano as operações de mais três ativos em construção, que somam 2 bilhões de reais em investimentos.

Segundo o CEO da transmissora, a abertura para uma nova via de crescimento ocorre diante da maturidade da empresa, que chegou ao Brasil há seis anos, e da perspectiva de um mercado de ativos “brownfield” que deve evoluir nos próximos anos. Além dos negócios usuais que aparecem no mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), com elétricas buscando reciclar capital ou desinvestir de ativos específicos, Prasad lembra que há concessões de transmissão que estão chegando ao final de vigência, tendo a relicitação como alternativa.

Além de (boas) taxas de retornos, o que procuramos em ‘brownfied’ são dois aspectos… um é sinergia, se houver comprovada sinergia com nosso portfólio existente e podermos operar aquele projeto com muita eficiência. Em segundo lugar, se o projeto pode ter futuras expansões.”

Ele não comenta sobre propostas ou ativos específicos, mas afirma que a Sterlite já foi abordada por grupos e assessores financeiros interessados em apresentar à empresa ativos à venda.

Indiana Sterlite muda estratégia

Próximos leilões

Sobre os certames de transmissão programados para 2023, a Sterlite já está avaliando alguns projetos que serão ofertados e, apesar de prever um elevado nível de competição, se vê preparada para conquistar novos ativos. “Não perseguimos ‘market share’, perseguimos projetos que tragam sinergias para nós, que possamos entregar antes do prazo… Selecionamos os projetos que acreditamos poder fazer isso”, disse Prasad.

Questionado sobre o interesse do grupo em disputar a construção de novos bipolos –grandes linhões de energia em corrente contínua de alta tensão–, ele disse que a companhia aguardará mais detalhes sobre os projetos para avaliar, uma vez que a Sterlite não tem grandes expertise com essa tecnologia.

O ano de 2023 tem sido bastante aguardado pelas transmissoras, dada a perspectiva de que a oferta de projetos supere os R$ 50 bilhões em investimentos. Empresas como ISA Cteep, Taesa e Engie Brasil já disseram, inclusive, avaliar a formação de consórcios para disputar os projetos de grande porte. O primeiro leilão, marcado para junho, terá nove lotes, com R$ 15,8 bilhões em aportes estimados.

Prasad lembra que o cenário continua desafiador para a implantação de projetos de transmissão do zero, com a cadeia de fornecedores ainda enfrentando turbulências e custos mais altos em virtude da alta demanda, taxas de juros mais elevadas e inflação das commodities.

“Acredito que as grandes companhias estarão lá (nos leilões)… e aí terão companhias de médio porte. Não vejo espaço para empresas menores ou EPCistas como vimos no passado, devido ao tamanho e complexidade dos projetos.”… leia mais em Época Negócios 14/02/2023