Há quase 6 anos como vice-presidente sênior de Operações da Plug and Play Tech Center, Jackie Hernandez tem muitas histórias para contar sobre os bastidores do Vale do Silício. Sua empresa, uma das maiores plataformas globais de inovação, fundada em 2006 por Saeed Amidi, tem como objetivo atuar como uma facilitadora na relação entre startups e grandes corporações. Para isso, mescla funções como investidora, aceleradora, coworking e espaço para inovação corporativa.

Atuando em mais de 35 países, incluindo o Brasil, a plataforma conectou nesses 17 anos cerca de 50 mil startups a mais de 500 corporações líderes mundiais e centenas de empresas de capital de risco, universidades e agências governamentais de diferentes setores. Foram mais de US$ 9 bilhões em investimentos globais até agora. Por aqui, a Plug and Play já trabalhou com empresas como Claro, Meta, Klabin, Tetra Pak e Banco BRB. “Já temos 31 unicórnios em nosso portfólio e continuamos investindo em grandes startups”, conta Jackie, em entrevista a Época NEGÓCIOS.

A pluralidade da plataforma permitiu à Jackie mergulhar fundo em sua paixão: a transformação digital e cultural por meio de modelos de inovação aberta. E, para ela, não é tão complicado promover a inovação. “Empresas e startups precisam entender as necessidades um do outro e, juntos, criar uma visão para o futuro. Essa visão pode incluir investimentos ou até mesmo a criação de uma nova linha de negócios. O importante é fazer um pacto de comercialização conjunta”, explica.

A convite do Insper, a executiva compartilhará com os brasileiros sua visão apaixonada – e bastante analítica – do mercado CVC, durante o painel ‘Creating Value with Startup Collaboration’, dentro da programação do International Innovation Seminar, evento com foco em inovação e tecnologia que acontece de 28 a 31 de agosto, em São Paulo.

Inverno das startups? Para especialista em inovação aberta do Vale do Silício dica é 'acelerar

Os insights do Vale

Embora o mercado ainda esteja se recuperando do chamado ‘inverno das startups’, com uma volta ainda tímida de aportes globais, a especialista afirma que o grande insight dos negócios de sucesso do Vale do Silício é acelerar sempre.

Eu sempre comparo essa situação [inverno das startups] com a Teoria de MacCready sobre o planador. Ela diz, em essência, que, quando os ventos à frente prometem ser fortes, você deve acelerar já. Muitas corporações tendem a desacelerar a inovação quando os tempos estão difíceis. Na minha opinião, você deve acelerar a inovação e aproveitar enquanto os outros estão lentos”, analisa.

A especialista reforça o quanto “olhar para a concorrência” é essencial à inovação aberta. “Observe com mais atenção o que seus concorrentes estão perdendo para que você possa testar coisas novas para conquistar esses clientes e mercados mal atendidos”.

Jackie destaca que a criação de valor entre empresas e startups é nada mais que o estabelecimento de parcerias de colaboração na qual as duas partes saem ganhando. E, para isso, paciência é tudo. “Bons relacionamentos são construídos ao longo do tempo – e, em uma colaboração entre empresas e startups, isso pode levar de 18 a 24 meses para se desenvolver completamente“, analisa.

Erros evitáveis

Independentemente do setor ou do objetivo final da parceria – seja para preencher lacunas tecnológicas da empresa ou para criar soluções disruptivas -, a especialista destaca que alguns erros são muito comuns. “Nem tudo dará certo, mas, com certeza, você aprenderá a ‘reconstruir aviões mais rápido’ quando eles caírem, até ter o avião perfeito capaz de sustentar um voo completo”, diz.

Segundo Jackie, no caso das corporações, o erro mais comum é considerar que uma startup é uma alternativa “mais barata”. “Muitas empresas tentam espremer a startup impondo fortes demandas financeiras ou pressão sobre seus produtos e serviços, semelhante a uma negociação padrão com fornecedores. As startups querem ajudar, mas têm recursos limitados…. leia mais em Época Negócios 16/08/2023