Momento de falta de recursos do setor público estimula modelo de PPP para a realização de serviços e BNDES estima potencial de aportes na casa de R$ 1 trilhão na soma das duas áreas

Mercado vê apetite de investidores privados por projetos de iluminação pública e saneamento básico. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estima potencial de aportes de mais de R$ 1 trilhão nas áreas.

“Fica claro o apetite do capital privado para fazer mais barato aquilo o que o setor público não tem recursos para fazer. É o momento propício para o País fazer esse tipo de parceria. Não podemos perder esse ciclo”, declarou o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, em coletiva de imprensa após o leilão da parceria público-privada (PPP) de iluminação pública de Porto Alegre (RS).

O certame foi realizado em São Paulo na quinta-feira (29) e teve como vencedor o consórcio I.P. Sul, grupo formado por Quantum Engenharia, GCE SA, Fortnort Desenvolvimento Ambiental e Urbano, STE Serviços Técnicos de Engenharia, que ofereceu proposta da contraprestação de R$ 1,745 milhão, a menor entre os oito proponentes.  O lance corresponde a um deságio de 45,64%.

A assinatura do contrato deve ser feita no quarto trimestre deste ano, e os serviços já começam a ser executados no início do ano que vem. O edital prevê a troca dos mais de 100 mil pontos de iluminação por lâmpadas de LED.

Durante a coletiva, o chefe do departamento de desestatização e estruturação de projetos municipais do BNDES, Osmar Lima, destacou que a entidade trabalha em mais oito PPPs de iluminação pública. “A expectativa é que as licitações sejam concluídas até meados de 2020.” A estimativa é que os nove projetos totalizem R$ 1,5 bilhões em investimentos.

O diretor de Smart Cities da Itron, Helder Bufarah, vê uma alta movimentação no setor.  “O mercado está movimentado e montante de recursos é grande. Estamos vendo grandes oportunidades. O modelo PPP traz vantagens para os municípios, em função dos contratos mais longos.”

Ele conta que em 2019, foram iniciados trinta projetos de PPPs no País. “Se o setor público estivesse com recursos e poder de investimento, talvez o processo não fosse tão atraente. O momento está impulsionando esses contratos.”

A Itron, multinacional especializada em soluções para uso eficiente de água e energia, possui uma fábrica em Americana (SP).  “A partir do momento que o mercado ganhar escala, pretendemos trazer para o Brasil o mesmo ecossistema de cidades inteligentes e iluminação pública que temos no resto do mundo, encontrando parceiros que produzam controles de luminárias”, diz Bufarah.

Saneamento

Montezano dimensiona que o setor de iluminação pública tem potencial para gerar R$ 30 bilhões em investimentos no País. “Se o apetite é grande para esse setor, para o saneamento básico é enorme. O potencial de investimentos chega a R$ 1 trilhão. O desafio nessa área é político.”

Ele destacou a importância do novo marco legal para o saneamento básico, que atualmente está em discussão na Câmara Federal. “Nos próximos meses a lei deve ser aprovada, abrindo a torneira do capital privado.”

A Fluxus Soluções em Energia, empresa criada pelo empresário Caio Mario Mutz, firmou uma parceria com a Sabesp, companhia responsável pelo saneamento básico do estado de São Paulo, para o fornecimento de um sistema movido a gás para o acionamento de máquinas.

Atualmente, máquinas de médio e grande porte, como bombas d’água, são acionadas exclusivamente por sistemas elétricos. “Escolhemos o setor de saneamento por ser um serviço com uma estrutura industrial. A Sabesp é a maior consumidora de energia do estado”, explica Mutz.

A solução foi desenvolvida em parceria com o grupo Kaula e a Jordão Engenharia. Mutz afirma que o projeto piloto demonstrou que o sistema oferece um mínimo de 10% de economia por máquina e maior segurança operacional, uma vez que a regularidade na distribuição de gás é 88 vezes maior do que a elétrica segundo dados das concessionárias do setor. “A ideia agora é começar a fomentar esse mercado.” Além do saneamento, a solução tem aplicação em setores da indústria como a metalurgia e papel e celulose. .. Leia mais em dci 30/08/2019