Três meses após realizar uma oferta pública inicial (IPO) que angariou R$ 450 milhões, o CEO da WDC Networks, Vanderlei Rigateri, explicou os próximos passos da companhia mirando um crescimento orgânico. Em conversa recente com o Mobile Time, o executivo disse que o valor levantado com a abertura de capital servirá para diminuir os gastos com compra de equipamentos e alimentar o seu modelo de negócios de aluguel de equipamentos de tecnologia as a service (TaaS) em telecomunicações (como modems, fibra ótica, GPON), segurança eletrônica, segurança de dados, energia solar e iluminação profissional.

“Estamos só financiando o crescimento orgânico. Tenho uma demanda por contratos de tecnologia. Será um grande uso do caixa para expandir. Agora também vemos oportunidade de fusões e aquisições. Não serão transformacionais, mas percebemos que temos algumas oportunidades interessantes com capacidades complementares. Por exemplo: energia solar. Nós vemos uma demanda para construção de projetos maiores. As operadoras querem isso e os investidores querem algo de bom retorno”, disse o CEO.

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“Esse modelo que temos é uma grande alavanca de vendas, temos desde 2013, só que ele é um consumidor de caixa – quanto mais eu vendo, mais eu preciso de recurso. Foi exatamente nesta toada de crescer neste modelo que decidimos ir para o IPO. Até então nós fazíamos isso alavancando em banco. Então resolvemos fazer isso como um mix, parte em banco e parte em equity, para financiar essa modalidade de negócios”, completou Rigatieri.

Embora tenha obtido um valor razoável em sua IPO, o CEO comenta que preferia ter feito a oferta pública antes. Em sua visão, se a WDC tivesse entrado na B3 no começo do ano, teria um período de bonança. Atualmente, Rigatieri entende que “o mercado de capitais está avesso à bolsa”.

“Não fiz IPO para tirar dinheiro para os sócios. Nós queríamos capitalizar a empresa para um salto de um a dois anos. A janela estava aberta e tivemos sorte de fazer esse ano. Como consumidor de caixa, teria dificuldades com a taxa Selic mais alta (7,75%)”, afirmou. “Contratamos um COO para ajudar a concentrar no nosso crescimento. Crescemos 40% ao ano nos últimos oito anos. Agora precisamos nos preparar para o próximo salto. O nosso mercado (TIC brasileiro), mesmo pessimista, não tem previsão de esgotamento. Como o mercado de energia solar, em que a demanda é alta. No mercado de telecom, os provedores crescem e o preço da fibra ótica sobe no mundo. Estamos no lugar certo, no mercado certo”, comentou.

Oportunidades

No mercado de energia solar, a WDC abastece os consumidores deste segmento por meio de fábrica própria com células fotovoltaicas e equipamentos de uma parceria realizada com a divisão de energia da Huawei, a Huawei Digital Power. Inicialmente, o serviço pode entrar como usina ou na base da antena de uma operadora. Rigatieri explica que sua companhia precisa de um esforço para avançar em engenharia para aumentar a quantidade de oferta de energia gerada por ano, de 75 kW para 2 mW.

“Gero crédito de carbono que ganho das concessionárias. Isso é favorável levando em conta que vemos uma movimentação grande com empresas e operadoras preocupadas em ter redução de carbono. O que a gente tem defendido é que isso pode ser feito via TaaS. Ou seja, eu faço o investimento e alugo para ele ter o benefício do crédito da energia”, explicou.

Por outro lado, a energia solar pode entrar na casa do cliente com kits de geração de energia oferecidos via provedores de Internet. Deu como exemplo, um ISP que já adotou esse sistema: “Se pegarmos nossa história, disponibilizamos 4 milhões de modems de fibra para provedores (via venda ou aluguel). Se temos 4 milhões de assinantes diretos e pegarmos 1% desses assinantes com oferta de kit solar, eu gero uma receita de R$ 500 mil por ano”, calculou.

Outras duas oportunidades de crescimento citadas por Rigatieri são em segurança de dados e firewall, áreas em que o executivo vê “uma dificuldade grande para contratar profissionais” especializados. Neste segmento, a WDC enxerga oportunidades para ofertar terceirização da segurança das redes junto aos seus produtos. Na frente de Internet das Coisas (IoT), onde a WDC tem ofertas para o consumidor final e para empresas, o CEO explica que parte de seu crescimento de receita está concentrada no mercado doméstico, enquanto o industrial “está devagar”, mas avança aos poucos com automatização de energia em escritórios para reduzir gastos com eletricidade.

ISPs

Em telecom ‘pura’, o líder da WDC vê que o” mundo de telecom e serviços corporativos vão começar a se juntar”. Rigatieri acredita que a tendência é de os ISPs se tornarem solution service providers (SSP), acrescentando serviços além da conectividade pura e simples, com automação comercial, segurança etc….Saiba mais em mobiletime.04/11/201.