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Tem aniversário na B3 neste final de semana, mas não é exatamente uma celebração. Há exatos dois anos, o Nubank fazia sua cerimônia de estreia na bolsa local, em dupla listagem com a bolsa de Nova York, feita um dia antes. Foi a última oferta pública inicial, o que marca portanto dois anos sem IPOs no mercado local.

Nesse meio tempo, o Nubank já até deixou a bolsa brasileira. Se considerada a última oferta puramente nacional, as estreias não acontecem desde a listagem da empresa de fertilizantes Vittia, no início de setembro de 2021. Juros altos no Brasil e nos Estados Unidos afetaram o fluxo de capitais para ações e os gestores tiveram que rebalancear as carteiras nesse período, para conseguir manter a estratégia diante de resgates nos fundos de maior risco. Com ajustes de múltiplos, os empresários buscaram outras fontes de captação, retardando uma listagem.

O mercado externo também não ajudou: nos IPOs emplacados na bolsa americana, o desempenho das ações na sequência renovou o desânimo. A Instacart vendeu ações a US$ 30 em setembro, e hoje valem US$ 24,4. A Arm chegou a cair 10% no primeiro mês após a estreia – mas com o rali neste fim de ano, agora já marca alta de 32% desde o IPO. A oferta da varejista Shein será um teste importante de demanda.

IPOs: aniversário no Brasil parabéns na Índia

Outro bom sinal é que, com o início do ciclo de queda de juros no Brasil, o Ibovespa caminha para fechar o ano com alta de 20%, atualmente a 127 mil pontos – perto da máxima de 130,7 mil de junho de 2021.

No primeiro trimestre, os banqueiros de investimento não esperam ainda movimentos de estreia, mas a expectativa é que a bolsa volte a esquentar no final do segundo trimestre para companhias de porte maior, com ofertas individuais de alguns bilhões de reais.

Por enquanto, o que tem causado inveja nos bancos de investimento locais é a pujança do mercado indiano. Se a Faria Lima costuma olhar pouco para esse país entre as referências globais, não passou batido nos bancos ofertas como a da Tata Tech, no fim de novembro.

O IPO da Tata registrou a maior demanda do ano em relação à oferta, no mundo todo. Segundo dados da bolsa indiana NSE, os investidores (majoritariamente institucionais) deram ordens por US$ 18,4 bilhões em 3,13 bilhões de ações – sendo que a operação era de US$ 366 milhões, ofertando 45 milhões de ações. O papel mais que dobrou de valor na estreia.

A Índia emergiu como o maior mercado de IPOs do ano, batendo os Estados Unidos, com 184 listagens de janeiro até o início de novembro – mais que qualquer ano cheio na história do país. Só em outubro foram 30 estreias, incluindo companhias de pequeno e médio porte, como crescimento econômico e de lucratividade a despeito dos juros altos… leia mais em Pipeline 10/12/2023