A Kering tem competido estreitamente com outras grandes empresas para assegurar a Tom Ford, em particular com aquela cujo nome tinha até agora circulado mais fortemente, nomeadamente a Estée Lauder (marcas Clinique, M.A.C….), mas a empresa francesa parece ter assumido a liderança. De acordo com fontes citadas pelo Wall Street Journal, um acordo poderia ser alcançado muito em breve, no entanto, ainda não é certo que a gigante liderada por François-Henri Pinault irá prevalecer.

O Wall Street Journal salienta que no passado mês de agosto, noticiou que a Estée Lauder estava em conversações para adquirir a Tom Ford, num negócio que poderia valer 3 bilhões de dólares ou possivelmente mais, tornando-a a maior aquisição alguma vez feita pela gigante americana da cosmética. Contudo, é possível que o preço tenha caído, dado o perigoso ambiente de mercado da crise geopolítica, o que levou a pressões inflacionistas quase sem precedentes e a um grande aumento dos custos de aquisição a nível mundial.

Uma possibilidade realçada pelos resultados e previsões decepcionantes que a Estée Lauder divulgou na quarta-feira passada, com o primeiro trimestre do ano financeiro de 2022/23, encerrado em 30 de setembro, reportando uma queda de -11% nas vendas, para 4,39 bilhões de dólares (4,44 bilhões de euros), com o lucro líquido caindo 103 milhões de dólares em comparação com o mesmo período do ano passado. Em contraste, a Estée Lauder havia encerrado o quarto trimestre do exercício financeiro de 2021/22 com uma queda de 5% nas vendas orgânicas, impactada pelos bloqueios da política Zero Covid na China e um abrandamento nas encomendas dos varejistas dos EUA. Assim, a gigante dos produtos de beleza com sede em Nova York, fundada em 1946, tinha baixou as suas perspectivas para este ano financeiro.

Kering estaria no processo de aquisição
Imagem/Tom Ford

A Kering, por outro lado, tem conseguido superar uma espécie de boom pós-pandemia nas compras dos produtos das suas marcas (especialmente as icônicas Gucci, Saint Laurent e Balenciaga), em meio a compras de vingança e um desejo de voltar à normalidade manifestado principalmente pela sua base de clientes abastados, que tem sido mais resistente apesar do aumento exponencial da inflação e continua a gastar em peças muito dispendiosas como bolsas, relógios e roupas.

No mês passado, a Kering reportou um aumento nas vendas superior ao esperado, apoiado em parte por turistas americanos, que passam livremente em Paris e noutras capitais europeias. A empresa tem um valor de mercado de quase 60 bilhões de euros, o que, mais uma vez de acordo com o Wall Street Journal, não faria da Tom Ford um ativo extremamente caro para adquirir.

A Tom Ford, mais conhecida pelo seu vestuário masculino, embora também venda vestuário e acessórios femininos, bem como uma linha de cosméticos e perfumes de alta gama em rápido crescimento, foi fundada em 2005 em Nova York pelo próprio estilista (e diretor de cinema) americano, que, ironicamente e no refluxo e fluxo histórico da moda, se tornou mais famoso como estilista da Gucci (agora parte da Kering), quando conseguiu relançar a marca italiana como seu diretor criativo entre 1994 e 2004.

O Wall Street Journal relatou há meses que a Estée Lauder estava particularmente interessada no negócio da beleza da Tom Ford, com quem tem um acordo de licenciamento de longa data. Mas um acordo com a Kering pode fazer mais sentido estratégico, dada a experiência do grupo francês na moda e acessórios de luxo. Tom Ford poderia usar a experiência, perícia e savoir-faire da Kering para fazer crescer o seu negócio de acessórios femininos, disse uma das fontes do jornal… leia mais em Fashion Network 04/11/2022