Um novo fundo de startups, voltado para o investimento em empresas que desenvolvem soluções inovadoras para o setor público, conhecidas como govtechs, está no mercado. Recém-lançado pela KPTL (fala-se Quépital), uma empresa de capital de risco que administra um total de R$ 1 bilhão, o novo fundo será o primeiro do gênero na América Latina e um dos poucos no mundo dedicados às govtechs.

Segundo Renato Ramalho, sócio e CEO da KPTL, a meta é captar cerca R$ 200 milhões para investir em 20 a 25 startups que já tenham negócios em andamento em uma das três esferas de governo – federal, estadual e municipal. A ideia é usar parte dos recursos para fazer os primeiros investimentos nos empreendimentos, mas para acelerar os que se mostrarem mais promissores.

KPTL

O novo fundo será gerenciado pelo economista Adriano Pitoli ex-diretor da Tendências Consultoria, e contará com a assessoria de Paulo Ubel, ex-secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Uebel deverá ajudar Pitoli a avaliar as oportunidades de investimento e contribuir com o conhecimento adquirido nos quase 20 meses em que foi responsável pela área, em Brasília. “Enquanto estava no governo, um dos grandes problemas era a dificuldade de financiar esses projetos”, afirma.

Tradicionalmente dominado pelas big techs, como Microsoft, Oracle e IBM, voltadas principalmente para a comercialização de grandes “pacotes” de tecnologia, que custam dezenas ou centenas de milhões de reais, conforme o caso, o setor público está se abrindo para as startups, estimulando a multiplicação de novos negócios dedicados ao segmento. Ramalho conta que a KPTL mapeou cerca de 500 startups em atividade no País voltadas ao desenvolvimento de soluções para os serviços públicos, para ser prospectadas pela empresa.

A KPTL, de acordo com ele, já investe em meia dúzia de govtechs que recheiam outros fundos não dedicados exclusivamente a serviços governamentais, com atuação em diferentes atividades da máquina pública, como zeladoria, processos de licitação, cidadania, regulação e educação. Ele afirma que foi com base nessa experiência que a empresa resolveu ampliar a sua exposição na área. “Mais da metade de todo o investimento feito em tecnologia hoje no País vai para o setor público.” Na visão de Uebel, com as restrições orçamentárias que atingem a União, os Estados e os municípios, a digitalização é a melhor alternativa para ampliar a oferta e melhorar a qualidade dos serviços públicos. Além de exigir apenas uma fração dos investimentos necessários para atender à demanda de forma convencional, a digitalização permite um corte significativo nos custos operacionais, favorece a universalização dos serviços, reduz a burocracia e traz mais eficiência ao processo. Nas contas de Uebel, a economia proporcionada pela digitalização de serviços é de R$ 5 para cada R$ 1 investido no processo.

Segundo Pitoli, o fundo deverá buscar preferencialmente empresas em nove frentes de atuação: saúde, educação, mobilidade urbana, segurança pública, cidadania, legislação, smart cities, gestão e moradia. Ele afirma que as startups que vão rechear o fundo não terão de ser necessariamente contratadas pelo governo. Dependendo da situação, o modelo de negócio de uma govtech poderá ter outra forma de remuneração, como no caso do Portal de Compras Públicas, que já faz parte de outro fundo da KPTL. O empreendimento facilita o processo de compras de 2.000 municípios, mas quem custeia o serviço são os mais de 200 mil fornecedores cadastrados que pagam uma taxa para participar das licitações… O Estado de S. Paulo Leia mais em sedet.ce 10/03/2021

(10/03/2021)