A distribuidora de insumos agrícolas Lavoro e a TPB Acquisition Corporation anunciaram nesta quinta-feira um acordo que deverá dar à empresa brasileira maior musculatura para crescimentos orgânicos e via aquisições, para melhor abocanhar um mercado com vendas crescendo 20% ao ano no Brasil.

A transação, que ainda prevê listagem da Lavoro na bolsa norte-americana Nasdaq, avalia a empresa após o fechamento da operação em cerca de 1,2 bilhão de dólares.

Segundo um comunicado ao mercado, espera-se que o acordo com a TPB resulte em até 225 milhões de dólares em caixa líquido para a Lavoro, maior revendedora de insumos agrícolas do Brasil e uma das maiores da América Latina, após dezenas de aquisições nos últimos anos, um movimento que deve continuar.

“Queremos usar parte desse dinheiro para continuar a fazer aquisições no Brasil e na América Latina, tem uso muito carimbado para investimentos em aquisições de novas empresas”, disse o CEO da Lavoro, Ruy Cunha, a jornalistas.

Lavoro fará mais aquisições na América Latina
REUTERS/Adriano Machado

Cunha ressaltou que a Lavoro, que já atua na Colômbia e Uruguai, além de Brasil, tem alvos para expandir no exterior no Chile e Peru, e está avaliando entrar no Paraguai e Equador.

O mercado brasileiro também está no radar, mas ele destacou que a próxima aquisição a ser anunciada será fora do país, entre o final deste ano e começo de 2023.

Além das aquisições, Cunha disse que a companhia buscará aplicar recursos em crescimento orgânico, devendo elevar o número de lojas de 193 para cerca de 300, nos próximos quatro anos.

“Acho que deve ser bastante factível no nosso plano atual, eventualmente pode acelerar, se conseguirmos oportunidades de entrar em novas regiões do país. O nosso primeiro movimento é adensar onde estamos atuando”, disse.

O executivo projeta que a empresa continue abrindo em torno de 20 lojas por ano, enquanto a Lavoro ainda trabalha em um mercado bastante pulverizado no Brasil, no qual as dez maiores companhias de revendas de insumos têm menos de 40% de participação total.

Com cerca de 95% da receita da empresa –estimada em 2,3 bilhões de dólares proforma em 2022– vindo do segmento de revendas de insumos, a companhia também quer avançar no negócio de produção de insumos biológicos e especialidades, além de fertilizantes especiais.

NOVAS TECNOLOGIAS

Como parte da transação, a TPB investirá 100 milhões de dólares em uma colocação privada de ações ordinárias, a 10,00 dólares por ação.

A conclusão do acordo está prevista para o quarto trimestre de 2022, permitindo que a Lavoro se torne “a primeira distribuidora de insumos agrícolas latino-americana listada em uma bolsa americana”.

E não prevê a saída do Pátria Investimentos da empresa, que seguirá como acionista majoritário, com fatia acima de 80%, conforme divulgado nesta quinta-feira.

“O capital levantado vai para o caixa, é basicamente capital primário, não é movimento de saída do Pátria, ele segue sendo acionista majoritário de longe”, disse o CEO, acrescentando que os percentuais exatos da composição acionária ficarão mais claros após a conclusão do negócio.

Como uma empresa pública, apoiada pela TPB (uma empresa de aquisição de propósitos especiais), a Lavoro disse também que terá suporte para entregar e adotar de tecnologias agrícolas inovadoras aos agricultores latino-americanos, ajudando a aumentar a produção, utilizando menos terra, água e energia.

“Já geramos um crescimento significativo em relação ao ano anterior e entregamos um valor expressivo aos agricultores. Acreditamos que os próximos passos em nossa jornada terão um impacto positivo ainda maior”, disse Cunha, ressaltando que a produção agrícola na América Latina tem crescido a um ritmo mais forte do que em outras regiões.

A TPB espera apoiar a aceleração das ofertas digitais de agronomia e serviços da Lavoro, e atuar como assessora estratégica, por meio do desenvolvimento de parcerias.

David Friedberg, fundador do TPB e da The Climate Corporation, deve se tornar membro do conselho da Lavoro após a conclusão da combinação de negócios proposta.

A plataforma principal da The Climate Corporation, a Climate FieldviewTM, é líder na agronomia digital mundial, utilizada por agricultores em mais de 180 milhões de acres, em 23 países.

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