Até agora, mais de 240 acordos foram fechados no ramo em 2013, no valor de US$ 53 bilhões

Os operadores de mídia, que estão digerindo os US$ 53 bilhões em fusões, subprodutos e aquisições anunciados neste ano, vão à conferência da Allen Co. em Sun Valley nesta semana para lançar as bases de mais acordos.

 Até agora, mais de 240 acordos foram fechados no ramo em 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg – mais do triplo dos US$ 15 bilhões fechados na mesma época no ano passado, apesar da baixa geral nas transações.

 Assim, a indústria se posiciona em terceiro lugar, depois do setor imobiliário e do setor de alimentos, e atinge seu maior ritmo desde 2008, quando US$ 57,2 bilhões em fusões e aquisições tinham sido anunciados já na metade do ano.

 Fazer acordos constitui grande parte da conferência do banco de investimento de Nova York, quando não o programa oficial. A união da Time Warner Inc. e da America Online por US$ 186 bilhões foi idealizada lá, em 1999.

 Bob Iger, da Walt Disney Co., disse no ano passado que o que ele mais lembra é de 1995, quando foi concebida a aquisição da Capital Cities/ABC Inc. pela Disney por US$ 19,5 bilhões. Nas atrações deste ano, a Hulu LLC está à venda e John Malone busca unir a Charter Communications Inc. com a Time Warner Cable Inc.

 Jogando na defensiva 
 Enquanto Hollywood luta com seu futuro digital, os magnatas midiáticos devem decidir quais programas vender aos formatos digitais sem matar o grande negócio da TV paga, quais ativos vender e como fortalecer negócios como emissoras de televisão e sistemas de TV a cabo para se adaptar às mudanças.

 “A crescente concorrência da internet requer mais investimentos”, disse Laura Martin, analista da Needham Co. em Los Angeles. “Esse tipo de pressão incentiva a consolidação, que por sua vez melhora as margens. Esperamos que haja consolidação na distribuição e nos conteúdos”.

 As companhias de mídia possuem balanços sólidos e ações com valor em alta para lidar com a invasão no ramo de entretenimento por empresários da tecnologia com muito dinheiro.

 A Facebook Inc., a Google Inc. e outras companhias tecnológicas estão aumentando seu perfil em Sun Valley à medida que os filmes, a música e a TV ganham importância para seus negócios.

 As ações da mídia também estão em alta. As 16 companhias no índice Standard Poor’s 500 Media Index valorizaram-se 43 por cento desde a reunião do ano passado, comparado com 21 por cento para o índice mais amplo S&P 500. A Gannett Co., que investirá US$ 2,03 bilhões pela Belo Corp., é a líder, com um ganho de 77 por cento. 

A conferência coincide com um maior interesse na aquisição de estações de televisão, estimulado por menores custos de financiamento, mais propagandas políticas e a alta das taxas de retransmissão. Além do acordo proposto pela Gannett, a Tribune Co. propõe adquirir a Local TV Holdings LLC, dona de 19 estações de televisão, por US$ 2,73 bilhões.

Os acordos de fusões e aquisições na indústria da TV chegaram a US$ 3,3 bilhões entre abril e junho, o maior valor trimestral desde 2007. Com o acordo da Local TV-Tribune anunciado em 1 de julho, a atividade neste trimestre está muito perto de igualar esse valor.

O núcleo da conferência será fazer acordos. Na edição do ano passado, Robert Kotick, presidente da Activision Blizzard Inc,, passeou com o presidente da Vivendi SA, Jean-Rene Fourtou. A Vivendi tem estado pensando em vender sua participação de 61 por cento na companhia de videogames de Kotick. 

“Nos últimos anos, foram anunciados relativamente poucos acordos após a conferência”, disse Paul Sweeney, analista de mídia para a Bloomberg Industries. “Neste ano, a expectativa é que, considerando a frenética atividade no setor da mídia e a volta de John Malone ao ramo da TV a cabo, possamos ver manchetes falando de Sun Valley”.  Christopher Palmeri and Brian Womack, da Bloomberg
Fonte: exame 10/07/2013