O Women Entrepreneurship fará aportes em 25 startups com mulheres sócias nos próximos cinco anos. O projeto nasce com um capital de R$ 50 milhões, com promessa de chegar a R$ 100 milhões

A gigante de tecnologia Microsoft anuncia hoje, em São Paulo, em um evento especial na sede da empresa, um fundo de investimento para ideias e startups de empreendedoras. O WE (de Women Entrepreneurship, ou Empreendedorismo de Mulheres) fará aportes em 25 startups com mulheres sócias nos próximos cinco anos. O veículo nasce com um capital de R$ 50 milhões, mas com potencial de chegar a R$ 100 milhões. A notícia foi revelada com exclusividade pela Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

A iniciativa surgiu a partir do estudo sobre fortalezas e fraquezas do fomento ao empreendedorismo feminino e sobre quais são os melhores ecossistemas para mulheres fundadoras de startups. A Microsoft estudou o melhor ecossistema do mundo para criadoras de startups: Chicago, nos Estados Unidos.

“Percebemos que as mulheres ajudam mulheres por lá. Há investidoras, mentoras e sócias de startups que servem como inspiração para as próximas empreendedoras. Buscamos trazer essa estrutura ao mercado brasileiro”, diz Franklin Luzes, COO na holding de investimentos brasileira Microsoft Participações.

Um dos principais desafios para empreendedoras mulheres em startups em todo o mundo está em confrontar o olhar dos investidores. O International Finance Corporation, braço financeiro do Banco Mundial, aponta que 8% dos fundos de private equity ou venture capital (capital de risco) na América Latina têm mulheres na equipe de liderança. Em 2019, 13% dos recursos foram aportados mundialmente em startups fundadas e cofundadas por empreendedoras.

Educação, investimento e exemplos
Mais do que um veículo de investimentos, o WE começa oferecendo capacitação em gestão e tecnologia em um portal aberto e gratuito. Há aulas de marketing, negócios, vendas em parceria com o Sebrae e de tecnologias como computação em nuvem, inteligência artificial e internet das coisas feitas pela Microsoft. No próprio portal há um espaço de inscrição para ideias e startups que buscam um investimento do WE.

Há duas categorias de investimento: tíquetes de R$ 50 mil a R$ 500 mil para levar ideias à formalização como empresa; e de R$ 500 mil a R$ 5 milhões  para startups que já encontraram o mercado para seu produto e agora querem escalar. Essa segunda categoria está entre o investimento semente e a rodada de série A – uma lacuna de capital conhecida como o “vale da morte” do capital de risco, por muitos negócios inovadores morrerem pela falta de dinheiro. Segundo a empresa de análises CB Insights, apenas 48% das startups chega à série A. O WE poderá acompanhar rodadas posteriores nas startups.

O WE é gerido pela Belvedere Investimentos, com 42% de mulheres na equipe. A Belvedere administra a fortuna de family offices e tem R$ 6 bilhões sob gestão. Tanto investidores qualificados (pessoa física) quanto corporações (pessoa jurídica) poderão investir no fundo para ideias e startups de empreendedoras. A Bertha Capital, impulsionadora de venture capital feito por corporações, é consultora técnica do WE. Os R$ 100 milhões que serão captados deverão durar por 10 anos, prazo para o retorno do capital investido.

O WE acredita em setores de grande impacto – a Microsoft, por exemplo, buscará iniciativas em inteligência artificial. Novos parceiros corporativos do fundo poderão explorar áreas como agricultura, educação, finanças, saúde e varejo. “Serão empresas que entendem de cada segmento e poderão validar, testas e escalar as ideais e startups que receberem investimento”, diz Luzes. A consultoria KPMG, a plataforma de inovação Distrito e a empresa de educação financeira Atom foram as parceiras anunciadas por enquanto.

Essas empresas olharão as inscrições no site e ajudarão a escolher quem fará uma breve apresentação do negócio (pitch). A decisão de investimento é tomada logo após o discurso. Após a seleção, os executivos das corporações darão mentorias online e presenciais às startups investidas. São 45 mentores inscritos apenas na Microsoft.

Histórico da Microsoft Participações
A Microsoft começou a investir em startups pelo Brasil com a criação da holding de investimentos Microsoft Participações em 2014.

Com orçamento de R$ 32 milhões, o fundo BR Startups investiu em 15 negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos nesses cinco anos. Exemplos são a fintech Olivia e Quero Quitar! e os marketplaces automotivos Carflix e Car10.

O BR Startups inspirou os novos fundos em estruturação e em tese: também tem uma gestora (MSW Capital), corporações (como Banco Votorantim e Qualcomm Ventures) e ao tese em financiar startups que estão no “vale da morte” do capital de risco. No Fundo WE, o valor captado é maior e o foco está nas empreendedoras.

Todos esses negócios investidos podem, futuramente, atrair a atenção do M12. O braço de venture capital global da Microsoft realiza aportes acima de 10 milhões de dólares.

A Microsoft também trabalha com startups por meio de projetos. O Eu Posso Programar, que ensina estudantes de 8 a 18 anos de idade, também tem a versão Eu Posso Programar para Meninas. Já o Microsoft for Startups fornece gratuitamente 200 milhões de dólares em armazenamento na nuvem para mais de sete mil startups no Brasil. .. leia mais em epocanegocios 22/11/2019

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