Monte compra rodovias da OTP no Nordeste
Concessão Gestora terá fatia de três concessionárias da Odebrecht na Bahia e Pernambuco e negocia com Invepar.
Em seu primeiro investimento do fundo dedicado a infraestrutura, a gestora Monte Equity Paitners assinou a compra das participações da OTP (ex-Odebrecht TransPort) em três concessionárias de rodovias no Nordeste. A OLP é a controlada do grupo Üdebrecht de concessões rodoviárias, mobilidade urbana c logística.
O fundo comprou os 50% da OTP na Concessionária Bahia Norte (CBN) e na Concessionária Rota tio Atlântico (CRA) e o controle da Concessionária Rota dos Coqueiros (CRC), operações que ficam na Bahia e em Pernambuco. O valor cia transação não foi revelado. 0 fundo da Monte, captado em 2018, tem K$ 300 milhões para investimentos.
“Procuravamos concessões já desenvolvidas, que podiam ter alguma alavancagem e investimento por fazer, mas em operação”, diz JuIiõ7(}gbí,.sõcio fundador da Monte. “Entendemos que esse modelo nos traz melhor risco e retorno, considerando um prazo ponderado de 21 anos adiante para essas concessões.”
Conforme o empresário, as três concessionárias já receberam cerca de RS 1,4 bilhão c precisão de ou troe RS I bilhão, mas no longo prazo, para revitalizações e ampliações, ”Olhamos ali- vos de muito longo prazo. No caso dessas rodovias, por exemplo, começamos a avaliar e negociar há dois anos, a conversa foi amadurecendo, e temos avaliado outros ativos do mercado”, diz Fábio Bonini, sócio da Monte.
A Bahia Norte administra 132 km de rodovias na Bahia, corredores de circulação c distribuição de prod utos e serviços do Estado, interligando o Centro Industrial de Aratu, o Polo Industrial de Camaçari, o Terminal Portuário de Aratu e o Aeroporto Internacional dc Salvador, As outras duas concessionárias são de Perna mbuco, A Rota do Atlánii co administra 44 km de rodovias ao Co m plexo Vi á rio e I .ogfs t i co 5ua- pe.Jã a Rota dos Coqueiros administra a via litorânea de 6,5 km e uma ponte que liga os municípios clejaboatáo dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho.
Na Bahia Norte e na Rota do Atlântico, o outro acionista com 50% é a Invepar — empresa dos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef e do fundo Yosemite, que reúne credores da OAS (ex-acio- nista da empresa). A Invepar pode exercer seu direito dc vender junto com a GTR, conforme previsão contratual,
Se optar por esse caminho, a Monte utilizará recursos do mesmo fundo para a aquisição, Caso contrário, as companhias manterão o trato usual de alternância e divisão de conselho de administração. A Invepar passa por uma reestruturação financeira e tem uma dívida de custo alto (IIXEA mais 12% ao ano) com o fundo árabe Mubadala. Em dezembro, a Invepar vendeu a Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart) para quitar uma parte dessa divida. A venda das participações no Nordeste, ainda que em montante consideravelmente menor que a Cart, também pode reduzir alavancagem.
Na Rota dos Coqueiros, o acionista minoritário é o grupo Cor- nélio Brennand, que também tem «pçàc» de venda.
Entre essas definições, aprovações de credores da OTP e autorizações regulatórías, o fechamento da aquisição pela Monte é previsto para junho. Procurados, Invepar e grupo Comélio Brennand não comentaram até o fechamento desta edição.
0 processo competitivo dc venda das participações tia OTP
foi coordenado petos bancos Bra- clesco BBI e BB-BI e tinha ao menos outros três interessados, segundo o Valor apurou. “O processo dc diligencia c detalhamento dc um projeto dc infraestrutura c diferente de avaliar uma empresa. Nos cercamos de assessores fina nceiros, jurídicos e consultores ambientais para ter conforto na decisão”, diz Carlos Braga, conselheiro sênior da gestora.
Para Braga, o investimento de fundos de priva te equitv e de fa- mily offices em infraestrutura tende a ficar mais comum no atual patamar de juros no país, alongando os prazos desses investimentos — antes mais concentrados
entre fundos de pensão e fundos soberanos.
Nas rodovias do Nordeste, os executivos avaliam que é possível terg. iislios de sinergia Operacional
e financeira nas t res concessionárias, hoje operadas como três empresas distintas. “A gente analisa um ativo como se fosse ficar com de para sempre, mas o fundo tem um horizonte de 10 anos e avaliamos que precisamos de cinco anos para ter ganhos dc melhoria dc gestão c crescimento dc plataforma”, complementa Zogbi.
Ele a li mia que a visão da gestora é otimista sabre a retomada eeo- nôm ica do pais, o que deve se refletir no fluxo das rodovias, “Elas têm circulação de pessoas, que é menos volátil, e de cargas, que é mais dependente da economia”,diz Zogbi. “Embora o Brasil esteja retomando atividade, o Nordeste demorou um pouco mais para entrar na crise e esta demorando um pouco mais para sair. Mas a tendência é de alta c rodovias têm elasticidade positiva, ou seja, o ri iuio de cresci- men to é superior ao do PIB.”
A Monte fez outras transações anteriores ao fundo, com veículos específicos, como a aquisição de terminal de fertilizantes em São Francisco do Sul, em Santa Catarina, e o terminal de combustíveis cm Paranaguá, no Paraná, já vendido. lambem investiu em uma usina de geração de energia solar no Ceará, No fundo atual, já tem outra transação de rodovia em estágio avançado, com acordo de confidencialidade assinado.
No grupo Odebrecht, a OTP vem se desfazendo de seus ativos há mais de um ano. já vendeu a Rota cias Bandeiras para os fundos Mubadala e Farallon c a Su- pervia para o grupo japonês Mitsui e tem outros ativos à venda,.. Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 28/02/2020