Fundador da Reserva e atual CEO da AR&CO, divisão de vestuário da Arezzo (ARZZ3), Rony Meisler fala sobre os próximos passos da empresa

Dezembro de 2020: a Arezzo (ARZZ3) conclui a compra da Reserva, a marca de roupas masculinas criada por Rony Meisler, e entra definitivamente no segmento de vestuário. Uma transação que foi vista com bons olhos pelo mercado financeiro — e que cumpriu um destino que, embora atrasado, parecia inevitável.

Afinal, a Reserva era tida como um case de sucesso dentro da indústria, fechando 2019 com faturamento de R$ 400 milhões — números grandiosos para uma empresa relativamente jovem. Em 2004, Meisler e o amigo de infância Fernando Sigal começaram a vender bermudas e camisetas para amigos e familiares, sem grandes pretensões. Leia também demais posts relacionados a Arezzo no Portal Fusões & Aquisições.

Reserva

Passados 15 anos da primeira coleção, a marca de estilo casual e despojado tinha planos cada vez maiores.

“Saímos de 2019 com a ideia de um possível IPO. A companhia voava”, disse Meisler, lembrando dos meses pré-pandemia. Com o fechamento da economia por causa da Covid-19, de nada adiantava o sucesso junto ao público ou a taxa de crescimento de quase 30% ao ano ao longo da última década; a abertura de capital foi suspensa.

A Reserva, no entanto, resistiu: com a adoção em larga escala de ferramentas para gestão do estoque e a construção rápida dos canais digitais de venda, a empresa voltou ao caminho do crescimento ainda em 2020. Uma nova tentativa de IPO chegou a ser ensaiada; no fim, a união com a Arezzo foi o caminho trilhado.

Lifestyle

Meisler, hoje, é CEO da AR&CO, o braço de lifestyle e vestuário da Arezzo — e que é responsável por mais de 20% da receita bruta do grupo. E, finalmente como executivo de uma companhia aberta, o empresário segue fazendo planos ambiciosos.

“Estamos de olho num mosaico de mercados, não de marcas específicas”, disse o empresário, que já comandou uma aquisição na nova casa: em junho, a Arezzo anunciou a compra da BAW Clothing, a marca queridinha dos influenciadores digitais e da geração Z, dando o primeiro exemplo dessa busca por novos nichos de atuação.

Reserva e Arezzo (ARZZ3): união forte

Para a Arezzo, a compra da Reserva representou um ponto de inflexão: a companhia, um dos players mais tradicionais do setor de calçados, abriria seu leque e passaria a atuar no segmento de vestuário como um todo. E, para tal, a administração e a governança corporativa do grupo precisaram ser redesenhadas.

Hoje, Arezzo&Co é divida em duas grandes áreas paralelas: a de calçados e bolsas, com marcas como Arezzo, Schutz, Anacapri e Vans; e a AR&CO, que concentra as redes de lifestyle e vestuário — e tem a Reserva como grande nome. Essa organização, segundo Meisler, foi amplamente debatida antes que a transação fosse anunciada, o que permitiu uma integração rápida entre as partes.

A manutenção do empresário no comando da AR&CO não foi por acaso: a Arezzo tinha interesse na expertise da Reserva e de Meisler nas vendas digitais de roupas e artigos de vestuário — uma habilidade fundamental para a sobrevivência no mundo pós-Covid.

A união deu certo: já no quarto trimestre de 2020, o primeiro após a aprovação da compra da Reserva, os resultados da Arezzo deram um salto:

Sinergia

“Nove meses [após o fechamento da operação] e a gente vê, na prática, que a governança foi muito bem desenhada, os times estão completamente alinhados”, diz Meisler. “Tem valor demais nos dois negócios, então pensamos numa tese em que o grande ganho de sinergia fosse no crescimento”.

A Arezzo teve receita bruta de R$ 705 milhões no segundo trimestre de 2021, dos quais a AR&CO — que hoje concentra as redes Reserva, Reserva Mini, Oficina Reserva, Reserva Go, EVA e INK — respondeu por R$ 143 milhões, ou 23% do total. É a segunda maior marca da Arezzo em termos de faturamento. …Leia mais em seudinheiro 20/09/21