Cristiano Souza, o sócio da Dynamo que lidera a Dynamo UK há oito anos, está fazendo um management buyout da gestora londrina, que deixará de ter vínculos com a empresa brasileira.

Cristiano está trocando sua participação na firma do Leblon pelas participações que a Dynamo e Bruno Rocha detinham na operação de Londres. Bruno, o fundador da Dynamo que iniciou a Dynamo UK, vai voltar a se envolver no dia-a-dia da empresa no Brasil.

O descruzamento deixará Cristiano com a vasta maioria do equity, criando uma partnership na qual os sócios poderão crescer ao longo do tempo.

Os sócios da Dynamo continuarão investidores do fundo, que tem veículos em Cayman e no Brasil.

Fundada em 2006, a Dynamo UK hoje tem US$ 900 milhões sob gestão e um time de oito pessoas. A empresa, que adotará um novo nome em breve, tem um portfólio concentrado: 15 posições perfazem 70% dos ativos sob gestão.

Na Dynamo UK um management buyout

A gestora vai criar sua própria operação de backoffice e trading – que hoje são compartilhados com a Dynamo Brasil.

Theo Messa, um dos fundadores do extinto hedge fund Paineiras, será o COO da gestora. Theo já mora em Londres, onde dirige um family office.

O management buyout é uma consequência natural da autonomia que a operação de Londres foi ganhando em relação à sua controladora – um processo que se acentuou na pandemia.

“Na prática, fomos nos tornando uma gestora independente: temos um time animado, com uma garotada que quer ser dona do negócio,” disse Cristiano, que tem 48 anos e entrou na Dynamo com 19. “Nossos vínculos com a Dynamo já eram mais pessoais do que profissionais.”

O caminho para a independência começou com mudanças implementadas por Cristiano quando chegou a Londres em 2016.

Primeiro, houve a renovação do time de analistas, composto em sua maioria por brasileiros.

“Fomos percebendo a importância de trazer pessoas com experiência em empresas europeias,” Luiz Orenstein, o Lula, um dos sócios mais sêniores da Dynamo, disse ao Brazil Journal. “Na Dynamo Brasil, a gente sempre ficou muito no mundo clássico do mercado de capitais brasileiro, que não entra tanto em inovação.”

Hoje, dos oito em Londres, apenas Cristiano e Theo são brasileiros. “O pessoal que está lá é mais jovem e teve uma formação mais contemporânea em termos de escola e ambientes,” disse Lula. “Não é que a Dynamo UK vai ser uma empresa de investimento em tech ou biotech, mas a capacidade que eles têm de ver a questão de tecnologia em qualquer companhia é incomparável à nossa.”

Cristiano também reduziu o universo de empresas e criou novas balizas para o processo de investimento, passando a dar guidance aos analistas sobre as prioridades de cobertura. “No Brasil, um analista da Dynamo fica solto para encontrar teses de investimento, mas isso não estava funcionando quando a gente falava de EUA e Europa,” disse Cristiano.

Com o management buyout, Cristiano pretende reabrir os fundos para captação ainda no primeiro semestre. Para ele, se a empresa atingir um AUM ao redor de US$ 4 bilhões no médio prazo, isso permitirá reduzir o management fee, vincular a remuneração mais estreitamente à performance, e aumentar a relevância da casa junto aos brokers e às próprias empresas investidas…. leia mais em Brazil Journal 02/01/2023