O grupo de saúde Alliança tem se mostrado um negócio dispendioso para o novo controlador até o momento. Fechando o segundo ano seguido de prejuízo, a companhia de diagnósticos vai receber um aporte de R$ 250 milhões de Nelson Tanure. O empresário já tinha colocado R$ 200 milhões no caixa da empresa em setembro, somando portanto R$ 450 milhões em sete meses – o que mostra sua disposição de virar o jogo.

O aporte em setembro foi feito como antecipação de aumento de capital. O segundo aporte será feito até segunda-feira, dia 25. O conselho da companhia aprovou ontem uma capitalização de R$ 450 milhões, para formalizar as duas alocações. Vai haver direito de preferência aos minoritários, mas hoje o float é de apenas 6,9%, o que muda pouco a conta.

O capital deve viabilizar a continuidade da implementação do plano de negócios e expansão da empresa, que vive tempos de transformação. Tanure assumiu o controle absoluto da operação após uma oferta pública de aquisição (OPA) em agosto do ano passado, que lhe custou R$ 891 milhões. O empresário já vinha, antes disso, exercendo sua influência como acionista de referência, inclusive na escolha da administração.

Por isso surpreendeu, no último mês, mudança nas três principais diretorias da empresa. Saíram Pedro Thompson, diretor-presidente que ficou pouco mais de um ano e meio; o diretor financeiro e de RI Remi Kaiser, que estava há apenas seis meses (o CFO anterior, Pedro Aparício, também ficou seis meses e renunciou); e o diretor médico, Gustavo Campana. Não houve detalhes sobre o que motivou as mudanças. A companhia apenas comunicou a renúncia de Thompson “em decisão de comum acordo” e destituição dos outros diretores.

Assumiu a presidência executiva a filha do controlador, Isabella Tanure, que já compunha o board. A posição, no entanto, é interina e a companhia também está sem CFO. Tanure também vem buscando parcerias para a Alliança com grupos de hospitais e operadoras, que podem incluir transação societária, apurou o Pipeline. A companhia também segue avaliando aquisições: segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, a Alliança negocia uma potencial compra do Cura, que pertence ao private equity da Vinci.

Em receita, a companhia conseguiu uma marca histórica. Faturou brutos R$ 299 milhões no quarto trimestre, alta de 6% na comparação anual, e consolidou R$ 1,26 bilhão no ano, alta de 8%.

O lucro bruto no trimestre foi de R$ 88 milhões, alta de 25%, mas o resultado líquido foi negativo em R$ 85,4 milhões. No ano, o prejuízo foi de R$ 218,6 milhões, ante perda de R$ 219,2 milhões em 2022. O ano mais recente de resultado positivo foi 2021, com lucro líquido de R$ 24 milhões, ante prejuízo em 2020.

A companhia destacou o crescimento do Ebitda ajustado no período, com alta de 84%, para R$ 47 milhões, maior evolução anual nesta linha. Segundo a Alliança, reflexo de otimização de agendamentos, melhor gestão do ciclo de vida do ativo, maior conversão caixa do faturamento e readequações de processos internos e da estrutura geral e administrativa para redução recorrente de custos e despesas.. leia mais em Pipeline 22/03/2024