Hold your horses: chegamos a uma nova fase do ecossistema de startups. Em tradução livre, a expressão “segure seus cavalos” é a premissa do que está acontecendo neste momento, a nível global (e a “marolinha” chegou por aqui). Nesta semana fui bombardeado pelas notícias das demissões das gigantes Loft, QuintoAndar e da recém-intitulada unicórnio do varejo Facily. Somando mais de 500 desligamentos, já se criou um clima de especulação do que está por vir nos próximos meses.

Não vamos nos afobar: agentes importantes do setor já estavam prevendo essa movimentação. Após o excesso de liquidez durante a pandemia, o apetite por fusões e aquisições das grandes empresas e a corrida dos IPOs de tecnologia, chegou o momento do ajuste de contas, e essa realidade deve permanecer pelos próximos 2 anos.

Por incrível que pareça, quem deve se preocupar agora são aquelas empresas que, justamente, captaram mais capital: os unicórnios, que desfrutam de uma curva de crescimento extremamente íngreme, capazes de fazer seus concorrentes comerem poeira. Financiados por fundos poderosos, o crescimento acelerado dessas gigantes se desenhou de uma forma desenfreada, ao passo que a busca por eficiência no controle de seus caixas foi deixada em segundo plano.

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Essa janela de 12 a 18 meses será desafiadora, já que haverá um ajuste de valuation daquelas que estão em um estágio acelerado de crescimento, o que já força uma mudança no tamanho dos cheques assinados por investidores. Aliado à alta de juros global –que causa a migração do dinheiro para investimentos mais tradicionais e de baixo risco–, startups enfrentarão uma disputa maior pelos fundos de investimento mais criteriosos.

Ora, se o problema está atingindo os gigantes que ultrapassaram US$ 1 bilhão em valor de mercado, quer dizer que startups em early stage estão com os dias contados, certo? Errado.

Aquelas que estão em busca de seu primeiro investimento ou já estão em fase de seed money tendem a manter os dois pés no chão –em vez de investir em crescimento exponencial e, depois, se preocupar com a viabilidade financeira do empreendimento. A estratégia agora é buscar mais eficiência no capital gasto para manter a saúde do modelo de negócio e garantir perenidade.

Passada a “fase de euforia” do modelo unicorniano, agora é necessário analisar três cenários para passar pela turbulência sem danos irreversíveis. A primeira opção é ignorar o risco e buscar captação sem reduzir o ritmo de crescimento. A segunda, adotada pelas três gigantes que encabeçaram as manchetes desta semana, é a desaceleração da queima de caixa, com políticas de lay off para tentar passar pela turbulência e não morrer na praia. A última saída é encontrar caminhos para que a lucratividade da startup possibilite captações com menos risco –o que exige mais suor para reverter o gasto desenfreado…… Saiba mais em Época Negócios 21/04/2022