O Brasil possui uma baixa penetração em seguros, menos de 4% do PIB está em processo de desenvolvimento, e tem um baita potencial de crescimento. O mercado brasileiro está concentrado em poucas seguradoras tradicionais e com maior volume de receita nas dez maiores das 123 atuantes. Para se ter uma ideia do  setor, hoje temos 1 seguradora para cada 1,7 milhão de habitantes, enquanto nos  EUA, lá em 2019, já havia 4.100 seguradoras, uma para cada 75 mil habitantes.  Este cenário aponta uma ótima oportunidade para as  insurtechs atuarem no mercado  com uso de tecnologias e produtos inovadores que atraiam novos clientes.

Nota-se ainda que, em 2021, houve recorde de investimentos em insurtechs no Brasil e com mais de 120 delas operando no país, um crescimento de 25% de novos entrantes. Esse cenário foi impulsionado pelo suporte e flexibilização de normas da SUSEP (órgão que regula o mercado segurador e que tem criado ambiente propício para entrada de novas seguradoras), com intuito de aumentar a concorrência, reduzir a concentração, tornar a distribuição mais eficiente por meio da tecnologia e, com isso, aumentar a penetração dos serviços de seguros junto à sociedade. Um exemplo disso, foram os dois editais para o sandbox que colocaram 32 novas seguradoras nesse modelo. Em 2021, foram mais de USD 80 milhões investidos somente nas seguradoras que participam deste ambiente.

Importante destacar que parte dessas insurtechs dentro do ecossistema de seguros, tem um olhar não somente para a disrupção do mercado atuando no papel de uma seguradora, mas também foca em tecnologia que está por trás da criação, distribuição e administração dos negócios de seguros. Segundo o Diretório Insurtechs (ENS – 2021), essas são as principais categorias de insurtechs no Brasil:

  • 29% seguradoras no ambiente sandbox (32 novas seguradoras, sendo 11 de auto, 7 patrimonial, 4 de celular, 4 de vida, 3 de fiança e 3 agrícola);
  • 40%  em distribuição;
  • 18% prestam algum tipo de serviço na cadeia de valor;
  • 16% em serviços aos corretores, focada em suportar corretores em seus desafios de vendas.

Hoje, as insurtechs beliscam uma fatia bem pequena do mercado de seguro no Brasil. O seguro de automóvel, como exemplo, entre janeiro e junho de 2022 (conforme dados disponíveis no site da SUSEP), teve uma produção de R$20,2 bi em prêmios, 36% maior que o mesmo período do ano anterior, todo concentrado nas seguradoras tradicionais e menos de 0,5% desse prêmio, foi produzido pelas insurtechs que atuam nesse ramo.

Apesar dessa concentração do volume de prêmio nas empresas tradicionais no seguro auto, existe um universo de mercado ainda não penetrado. A frota estimada de veículos (conforme IBGE), é por volta de 107 milhões, dos quais estima-se que apenas 30% detém algum seguro. Nesse ponto, as insurtechs, como parte do ecossistema, contribuem e muito para o crescimento e aquisição de novos clientes com o desenvolvimento de serviços e plataformas inovadoras que movimentam o ambiente de negócios, geram experiências simplificadas, tecnológicas, voltadas para a personificação do seguro, a custos mais baixos. Por consequência, esse processo, gera a entrada de nova produção para o mercado e a retenção dos clientes que poderiam sair em função dos aumentos de preço, motivado pela inflação.

Observando o cenário desafiador econômico atual, o setor de seguro (conforme síntese divulgada pela SUSEP), fechou o primeiro semestre de 2022 com arrecadação de R$168,80 bilhões, o que representa crescimento de 16,4% em relação ao mesmo período de 2021. Excelente resultado frente a outros setores da economia, além de uma excelente perspectiva para o resto do ano. Mas claro que com o cenário econômico global e também local, as insurtechs e startups precisarão demonstrar cada vez mais a aderência sustentável de seus produtos e modelos de negócios para continuar captando investimentos para seus projetos.

O futuro é promissor e com um potencial significativo para evolução e crescimento das insurtechs e a experiência do consumidor nesse processo, vem em primeiro lugar e começa pela necessidade do entendimento do produto de seguro, por essa razão, há a importância  em ser simplificado, gerar vivência, conexão e contribuição social.

Quando falamos em vivência, é ter, por exemplo, uma mensuração de telemetria no qual a individualização do preço do seguro, mais justo, é medido e influenciado pelo comportamento de direção observado nas ruas. Essa estratégia, permite que o consumidor, pelo seu smartphone, entenda a forma que está dirigindo, como isso reduz o seu risco de sofrer um acidente, gera um impacto positivo no trânsito, ao ambiente a sua volta e também ao seu bolso.

O papel das insurtechs dentro do ecossistema é justamente fortalecer a consciência da melhor experiência do consumidor em todos os players e participantes da cadeia de seguros, aprimorar essas relações com os usuários, atrair mais deles para o ambiente  e suportar a evolução e crescimento do mercado. Os Gestores precisam estar antenados com o futuro do mundo digital de seguros e ter um olhar para IA (inteligência artificial), machine learning, embedded insurance, blockchain, telemetria e ciências de dados. Mas mais do que isso, direcionar os seus esforços para utilização e implementação das inovações em suas rotinas, sempre garantindo o foco no consumidor final. Por Alan Leal – VP of insurance da Justos – startups de seguros auto no Brasil

Com informação de VCRP Brasil