Cortes de recursos do Fies e retomada das aulas presenciais criam oportunidades para maior plataforma de financiamento estudantil do País, que projeta movimentar R$ 10 bilhões.

Há 18 no comando da Pravaler, Carlos Furlan aposta na demanda reprimida pós pandemia para ampliar presença da plataforma no mercado. (Crédito: Gabriel Reis )

Uma conta que nunca fecha. A demanda por mão de obra qualificada aumenta enquanto os recursos públicos para a ensino superior diminuem. Embora trágica para o nível educacional do País, essa distorção gera oportunidades de negócios para o setor de crédito privado de cursos universitários. A plataforma de financiamento Pravaler, maior em volume financeiro, com R$ 4 bilhões liberados nas últimas duas décadas e faturamento de R$ 250 milhões no ano passado, projeta alcançar a cifra de R$ 10 bilhões até 2025. O dinheiro é concedido pelas universidades e instituições financeiras parceiras. O número de alunos com contratos ativos deve passar dos atuais 170 mil para 1 milhão dentro de quatro anos, segundo o CEO Carlos Furlan. “Existe uma demanda represada porque, desde o começo da pandemia, muitos alunos adiaram a entrada em cursos presenciais”, afirmou o executivo. “Essas matrículas vão retornar em 2022 e acelerar o mercado”.

Além do controle da pandemia, as boas perspectivas da Pravaler são alimentadas pela redução das principais fontes de financiamento público, na avaliação de Furlan. Desde 2010, o número de vagas ofertadas pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) não era tão baixo. O último corte realizado pelo Ministério da Educação (MEC) neste ano reduziu as vagas para 93 mil, contra as 100 mil ofertadas anualmente, nos últimos três anos. Com previsão de um novo facão para o ano que vem, há espaço para o crescimento de empresas privadas do setor educacional.

Desde 2019 a base de alunos matriculados em cursos de graduação presencial cai, em média, 5% ao ano, de acordo com estudo da Pravaler em parceria com a consultoria Hoper Educação. O levantamento mostra que a base deste ano de estudantes matriculados em faculdades e universidades privadas é de 3,8 milhões, uma queda de 9,5% em relação aos 4,2 milhões de alunos matriculados em 2019.

A captação de estudantes também está caindo. Para este ano, a previsão é de 25% de queda, ante 15% registrada em 2020. Apesar de negativos, os números não assustam Furlan, que há 18 anos comanda a companhia, da qual o Itaú é acionista com 42,4% de participação. Um fator que alimenta o mercado de ensino superior privado é a popularização dos cursos on-line e híbridos ­— parte presencial, parte digital. Iniciando como projeto piloto dentro da plataforma, os cursos livres devem ganhar escala a partir deste semestre. A expectativa é que eles passem a representar, até o final do ano, de 25% a 30% dos novos alunos. Essa frente estratégica prevê outros tipos de financiamentos, também relacionados à educação, como intercâmbios e cursos de ensino fundamental e médio.

R$ 10 bilhões é a meta de financiamentos realizados pela pravaler até 2025

Outra aposta é nas aquisições, fusões e parcerias.

A Pravaler está de olho em fintechs e edtechs para acelerar seu crescimento. “Nos colocamos na posição de consolidador desse setor”, afirmou Furlan. Sem revelar quais são as negociações em andamento, o executivo afirmou que algumas serão anunciadas ainda neste semestre.

Com um modelo de negócios que permite ao aluno o pagamento de metade das parcelas mensais pelo dobro de tempo do curso escolhido, a Pravaler possui uma taxa de aceitação de 50% das solicitações. Na negociação, a plataforma faz o pagamento completo à instituição de ensino. “O mito de que financiamento estudantil é caro não existe mais”, disse o CEO. “Isso porque há subsidio das instituições”. As taxas de inadimplência da empresa estão em torno de 5%, mesmo durante a pandemia. “O público é maduro nas escolhas dos cursos, o que gera alta do tíquete médio e reduz a evasão.”

PLANEJAMENTO

Na opinião da educadora financeira Luciane Nakamura, o financiamento estudantil exige cautela. “É preciso planejar todos os gastos e custos para garantir o pagamento do valor final”, disse a especialista. “O ideal é garantir em reserva o valor correspondente a seis meses até 1 ano do curso”. Uma inicitiva recente do MEC pode ajudar nesse sentido. O ministério anunciou parceria com a Comissão de Valores Mobiliários para a qualificação de docentes da educação básica das redes pública e privada sobre educação financeira. Em três anos, deverão ser capacitados 500 mil docentes. A meta é atingir 25 milhões de alunos de forma gratuita e virtual.

Seja com recursos públicos ou privados, o mercado brasileiro de ensino superior deve crescer nos próximos anos. Se o governo ainda não aprendeu o valor do ensino, empresas como a Pravaler ensinam como se faz a lição… leia mais em istoedinheiro 23/07/2021

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PicPay compra GuiaBolso e corta caminho no Open Banking

A empresa de tecnologia do grupo J&F comprou a fintech especializada em agregadores de contas para ganhar espaço nesse segmento e no marketplace financeiro. O NeoFeed apurou que o negócio girou entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões

O PicPay postergou o seu IPO para 2023, mas a agenda de consolidação e aquisições não foi adiada. É o que ficou comprovado, nesta manhã, com o anúncio da compra da fintech GuiaBolso, uma precursora do Open Banking no Brasil, que conta com 6 milhões de usuários. O negócio foi noticiado em primeira mão pela agência de notícias Reuters e coloca a fintech do grupo J&F em uma posição privilegiada para disputar esse mercado.

A compra já faz parte do plano do grupo da família Batista de aportar R$ 3 bilhões para a expansão do PicPay, hoje com 55 milhões de usuários, e alcançar 100 milhões de usuários até 2023, quando estaria pronta para voltar à carga e abrir seu capital na Nasdaq. E as negociações duraram apenas três dias. “Foi mais rápido do que se estivesse negociando com um fundo de venture capital”, diz Thiago Alvarez, cofundador e CEO do GuiaBolso, ao… Leia mais em NeoFeed 23/07/20212

INSIGTHS DO PORTAL

De acordo com os relatórios mensais do Portal Fusões & Aquisições, o setor de EDUCAÇÃO no Brasil, no 1º semestre/21, concretizou:

  • Número de negócios: 24 transações com crescimento de 84,69%
  • Valor do investimento: R$ 9,28 bilhões, salto de 90,4% (comparado com o mesmo período do ano passado).

E segundo dados da KLOOKS, foram mapeados balanços de 368 empresas do setor de EDUCAÇÃO na sua base dados, sendo que 54% delas estão localizadas no Sudeste do Brasil, e apresentam o seguinte perfil:

  • 241 empresas têm receita líquida até R$ 50 MM
  • 95 empresas com receita líquida de R$ 50 a 500 MM
  • 32 companhias com receita líquida acima de R$ 500 milhões.
  • e 50 das empresas do setor de educação (14%) tem EBITDA acima de R$ 20 milhões.