Apesar de reduzir custos, incerteza econômica pode frear contratos de terceirização nos próximos meses, preveem especialistas.

Em 2011, a indústria mundial de terceirização de TI foi marcada, em grande parte, por ofertas menores, clientes hesitantes, muita conversa, mas pouca ação em torno do modelo de cloud computing. A incerteza econômica nos Estados Unidos e Europa contribuiu para formar esse cenário.

Esse quadro tende a ser mantido em 2012, sinalizam especialistas. No entanto, os próximos 12 meses devem apresentar novas tendências para esse mercado. Veja a seguir 12 previsões sobre o futuro do outsourcing:

1. 2012 será pautado por um mix de fusões e aquisições
Basta olhar para aquisições como HP-EDS, Dell-Perot, Xerox-ACS e ver para onde o mercado está indo. “Os provedores de outsourcing vão coibir as megafusões”, afirma Phil Fersht, fundador da companhia de análise do mercado de outsourcing HfS Research.

Segundo ele, isso vai acontecer devido à falta de atrativos de provedores menores em prover serviços com mais escala. A China está na contramão. De acordo com Rehkopf Michael, diretor de consultoria de outsourcing da TPI para Norte da Ásia, haverá ao menos duas uniões entre os 20 maiores prestadores de serviços no país.

Nos EUA, os grandes provedores são mais propensos a adquirir companhias de software que tenham ferramentas baseadas em nuvem, acredita Fersht. “Ou poderíamos ver fusão de três companhias medianas de nicho para criar um novo prestador de serviços de TI de maior porte”, afirma Mark Ruckman, consultor de outsourcing da Sanda Partners.

2. Companhias que apostam em terceirização devem adotar modelo mais lentamente
Muitas decisões de terceirização serão adiadas. “A ameaça de recessão vai segurar um em cada quatro compradores de outsourcing até que a incerteza econômica passe”, diz Fersht. “E a economia atual não está ajudando. Com isso, muitas companhias simplesmente não sabem o que vão fazer.”

Empresas que vão comprar serviços terceirizados neste ano irão investir em um número reduzido de acordos pelo menos até o final do primeiro semestre, aponta a consultoria de outsourcing Everest Group.

3. A nuvem na terra
Você tem a sensação de que mesmo os fornecedores de computação em nuvem estão prontos para aposentar o termo cloud computing? A boa notícia, diz Shaw Helms, sócio da prática de terceirização da K & L Gates, é que “até o final de 2012, o hype em torno de ‘nuvem’ terá morrido de forma significativa”. Os líderes de TI e gerentes vão olhar mais criticamente para o risco da computação em nuvem e serão mais críticos sobre seu valor. “Os departamentos de TI deixarão de receber pressão dos executivos C-levels para implementar a nuvem sem avaliação cuidadosa das alternativas”, afirma Helms.

2012 será também o ano em que TI vai se debruçar sobre a governança da nuvem. “As empresas começarão a publicar políticas mais robustas sobre o que pode ir para nuvem e os pontos que envolvem a decisão de ir ou não para a cloud”, prevê Adam Strichman, fundador da consultoria de terceirização Sanda Partners. “Dúvidas como ‘quais são as leis de privacidade no país que abriga os dados’ e ‘quais são as restrições de segurança para as pessoas que têm acesso aos dados’ vão surgir”, completa.

4. Compradores de serviços de TI vão olhar além
Organizações que compram serviços terceirizados ainda têm como prioridade manter os custos baixos. Mas em 2012 eles querem maior flexibilidade ou melhor tecnologia, diz Fersht. O único problema é que os provedores ainda “estarão lendo o contrato de TI”, afirma.

“Provedores ainda estão excessivamente focados na redução de custos para seus clientes, em oposição ao processo de melhoria e inovação”, completa Fersht.

5. Ofertas de outsourcing de TI serão reduzidas
Agora, os provedores de terceirização estão voltando os olhares para as empresas de menor porte. “Mesmo a IBM está fazendo um esforço concentrado para ganhar mais negócios nas pequenas empresas”, observa Helms, da K & L Gates.

“Os prestadores de serviços querem conquistar mais market share e estão mais dispostos a canibalizar suas receitas com modelos de preços baseados em resultados de consumo e negócios”, diz John Lytle, diretor de consultoria de outsourcing Compass.

O resultado? “Menores custos para os clientes de menor tamanho. Provedores, no entanto, serão encorajados a prestar serviços de forma mais eficiente”, avalia Helms. Consultores de terceirização e advogados, por sua vez, terão de descobrir como criar ofertas e acordos mais rápidos e baratos, diz Helms.

6. Offshore em alta
Prestadores de serviços offshore montaram infraestrutura de recursos na esperança de ir além do desenvolvimento de aplicativos. “Em 2012, veremos um número de empresas que confiaram quase exclusivamente em provedores de TI norte-americanos de infraestrutura, mudarem para companhias de offshore”, diz Steve Martin, consultor da Pace Harmon.

7. Foco nos negócios
Compradores de outsourcing vão ficar atentos ao gerenciamento de contas no próximo ano. Eles estão cansados da tradicional abordagem focada em vendas e que deixa de lado as necessidades específicas dos negócios, diz Fersht, da HFS. Será preciso lidar com esse novo cenário, de acordo com o especialista.

8. Atividades de TI não voltaram para o controle das companhias
Muitas companhias que contrataram outsourcing vão continuar a reclamar sobre o relacionamento com os provedores de serviço em 2012. Entretanto, nada vai mudar. Elas vão perceber que é muito trabalhoso levar tudo de volta para casa. “A construção de data centers, help desks e a contratação de centenas de recursos será considerada assustadora para as companhias”, prevê Pace, da Harmon Marin.

9. Inovação para se destacar no mercado
A pressão por reduções de preços continua. E para apoiar o crescimento e a rentabilidade, os fornecedores de terceirização terão de considerar novos modelos, como joint ventures, incluindo laboratórios específicos para inovação e centros de excelência, de acordo com o Everest Group.

10. Desenvolvimento do offshore
De acordo com Michael Engel, sócio-gerente da HfS Research, as organizações vão descobrir que é realmente mais barato contratar serviços de TI em cidades próximas, diz Engel.

11. Proteção garantida
“2012 será o ano da segurança”, afirma Ruckman de Sanda Partners. “Empresas de terceirização vão procurar novas e melhores formas de proteger seus dados e de seus clientes”, prevê.

12. Empresas globais vão contratar fornecedores além da Índia
As grandes organizações vão buscar fornecedores de terceirização além da Índia, beneficiando centros de distribuição em países como Brasil, Malásia, México, África do Sul, Romênia, Bulgária, diz Fersht. “A Índia não vai perder negócio, mas o ritmo de crescimento deles será mais lento”, finaliza.Por STEPHANIE OVERBY, DA CIO.COM
Fonte:computerworld04-01-2012