Por que o PayPal comprou outra fintech e como isso transformará a indústria de pagamentos?
Na última quinta-feira, o PayPal adquiriu a iZettle por US$ 2,2 bilhões – o preço da venda é pouco mais de 20 vezes a receita de 2017 da empresa sueca. O acordo é a maior aquisição do PayPal e acontece menos de duas semanas após a iZettle anunciar que abriria seu capital.
A iZettle, conhecida pela oferta de máquinas de pagamento para pequenos comerciantes, tem a americana Square, fundada pelo presidente-executivo do Twitter, como principal concorrente. Sediada em Estocolmo, a empresa sueca está presente em mais de 10 países – incluindo o Brasil –, e oferece outros serviços para pequenas empresas, como empréstimos.
Thomas McCrohan, analista da Mizuho Securities, acredita que essa não seria a aquisição que os acionistas do PayPal estavam esperando. “O preço pago parece caro”, diz. Mas então, por que o PayPal achou que a iZettle valeria a pena?
Para o PayPal, que foi retirado do eBay em 2015, o acordo é pura estratégia. A empresa domina o setor de pagamentos online e móveis, enquanto a iZettle produz máquinas de cartões que permite que pequenas empresas recebam pagamentos com cartões a preços acessíveis. O acordo também significa que o PayPal ganhará presença em 11 novos mercados: Brasil, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Itália, México, Holanda, Noruega, Espanha e Suécia.
Além de se complementarem geograficamente, a combinação das duas empresas significa que elas poderão oferecer soluções “omnichannel” para os varejistas. À medida que as compras acontecem cada vez mais em plataformas alternativas, os varejistas tradicionais buscam estar aptos a receber pagamentos por meio de diferentes canais: online, loja física e celular. Ao combinar as máquinas da iZettle com o know-how online do PayPal, o grupo pode se lançar como a única solução para os comerciantes que procuram resolver todos os seus problemas de pagamento.
Recentemente, a iZettle lançou o serviço de empréstimos a clientes com base nos dados coletas das máquinas de cartão. Ou seja, depois da incorporação com os varejistas, as empresas também podem explorar essas alternativas e criar serviços adicionais para gerar receita.
“Mesmo que o preço que eles pagaram pela iZettle possa parecer alto, o negócio também pode ser uma opção prudente”, disse Jonny Hunot, cofundador da rival britânica, The Good Till Company. “As soluções de pagamento móveis em nuvem são claramente a porta de entrada para bilhões de dólares emvendas anuais no varejo, e quem detém esses gateways ganhará taxas significativas a longo prazo. Esse sempre foi o jogo do PayPal”.
Mesmo com todas essas possibilidades, a compra ainda é uma aposta. Thomas McCrohan acredita que a aquisição da iZettle não altera a percepção que os pequenos comerciantes têm do PayPal. “Eles ainda são um tipo de oferta, dada a infinidade de opções já disponíveis para compras na loja”, diz.
Mas o acordo é um bom avanço para o PayPal, que ainda precisa se preocupar com a empresa do fundador do Twitter. Os produtos da Square e da iZettle são muito semelhantes, e ambos têm como alvo as pequenas empresas. Até agora, eles só competiram no Reino Unido – uma vez que a Square domina a América do Norte e a iZettle a Europa e a América Latina –, mas quem sabe o confronto possa ser ainda mais direto no futuro.
A Square tem uma grande vantagem nos Estados Unidos, mas a nova força da iZettle não deve ser subestimada. A capitalização de mercado do PayPal é de US$ 96 bilhões, enquanto a da Square é de US$ 21,7 bilhões, e o PayPal provavelmente planejará investir na iZettle para colher todas as recompensas esperadas da aquisição.
Jacob de Geer, CEO da iZettle, revela que um dos grandes motivos para a venda ter acontecido é que ela impulsionaria a expansão internacional da empresa. “Nós daríamos superpoderes a iZettle e avançaríamos rapidamente para realizar nossa visão”, diz. Os Estados Unidos parece ser um mercado óbvio para a iZettle ter como alvo, já que é o principal mercado do PayPal também.
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