Com o custo da energia elétrica convencional nas alturas, um painel solar nunca foi tão popular. Que o diga a Solfácil, a fintech que dá crédito para financiar a instalação de energia fotovoltaica. Num momento em que o parque brasileiro de energia solar ultrapassou a capacidade de Itaipu, a startup de Fábio Carrara acaba de se capitalizar para acelerar e diversificar as fontes de receita.

Em um aporte liderado pelo QED — gestora americana que já investiu em fintechs como Nubank, Warren e Cora —, a Solfácil levantou US$ 100 milhões (mais de R$ 513 milhões) na rodada série C. A firma de Nigel Morris e Frank Rotman já havia liderado a última rodada, quando a startup captou R$ 160 milhões. Softbank e Valor Capital, que já eram investidores, acompanharam. O investimento também deu entrada à gestora londrina VEF (investidora da Creditas) no cap table.

Com uma carteira de crédito de R$ 1,2 bilhão, a Solfácil já viabilizou a instalação de painéis para 40 mil clientes, um número que deve chegar a 100 mil até o fim do ano, disse Carrara ao Pipeline. Diante da demanda acima das expectativas iniciais, a fintech prevê fechar 2022 com um carteira de R$ 3 bilhões. Há um ano, quando levantou a série B, o fundador previa menos (R$ 2,5 bilhões).

“Os projetos de geração distribuída foram a maior fonte de nova capacidade de energia elétrica nos últimos dois anos”, conta Carrara. Globalmente, o país começou a fazer jus a sua irradiação solar. Em 2021, só os EUA instalaram mais projetos de geração distribuída. O Brasil ficou ao lado da Alemanha na segunda posição, mas a expectativa é que assuma a liderança ainda neste ano.

QED dobra a aposta na Solfácil

Para aproveitar o momento, a fintech quer ir além do crédito, diversificando o faturamento. Ao contrário do que fez a startup americana GoodLeap — o benchmark setorial vale US$ 12 bilhões e começou a financiar outras necessidades residenciais —, Carrara posiciona a Solfácil como um ecossistema de soluções em energia solar, criando novos serviços para aproveitar sua expertise.

Depois de estrear com o crédito, que segue como a vertical mais importante, a Solfácil criou um marketplace que conta com mais de 5 mil SKUs. Nele, os integradores — as companhias que vendem os projetos nas residências e os instalam — podem apresentar as melhores alternativas de equipamentos ao clientes, a depender das necessidades do projeto. Nas compras realizadas pelo marketplace, a fintech fica com um take rate, como é usual nesse tipo de operação. Assim, a Solfácil pode monetizar na venda dos equipamentos e, claro, na concessão do financiamento.

Um terceiro braço do ecossistema da Solfácil está prestes a ser lançado. Depois de três anos de desenvolvimento, a startup criou uma tecnologia em IoT que monitora, em tempo real, como o painel fotovoltaico está operando, dando alertas inteligências para os integrador. Se o sistema estiver abaixo da capacidade de produção, é possível ajustá-lo até mesmo emotivamente. Nas operações de financiamento, a Solfácil já vai entregar o IoT gratuitamente, mas o equipamento também poderá ser vendido a terceiros que comprarem os produtos por meio do marketplace.

Carrara não abre projeções de faturamento, mas disse que com a diversificação de serviços vai conseguir ampliar as vendas em algumas vezes já em 2022. No ano passado, a Solfácil fez uma receita de R$ 100 milhões.

Para dar crédito aos clientes, a startup comumente se vale de FIDCs como funding — no ano passado, a empresa foi a segunda maior emissora de FIDCs verdes do mercado brasileiro —, mas Carrara também explora novas formas de diversificação, o que pode incluir a constituição de uma financeira, o que daria poder de alavancagem à startup. Uma operação de dívida com um grande banco também está em negociação… leia mais em Pipeline 11/05/2022