O real termina a sexta-feira (26) com a maior desvalorização semanal ante o dólar desde a semana iniciada em 15 de junho de 2020.O dólar fechou a R$ 5,74, maior valor desde 9 de março, quando estava a R$ 5,79.O turismo está a R$ 5,90.

Com a alta de 1,23% nesta sexta, a moeda terminou a semana com alta acumulada de 4,65% nesta semana, contra 5,39% há nove meses.

Segundo analistas, o aumento reflete principalmente a piora na pandemia de Covid-19 no Brasil e na Europa e a consequente deterioração das expectativas para a economia brasileira e para as contas públicas.

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou na quinta (25) que governo e parlamentares devem trabalhar juntos em maneiras de aumentar a transferência de recursos aos mais pobres, quando questionado sobre o valor do auxílio emergencial. Ele defendeu, no entanto, que a elevação dos recursos seja acompanhada de contrapartidas nas contas públicas.

Nesta semana, governadores e congressistas pressionaram o governo por quantias mais elevadas na nova rodada do auxílio.

Com o aumento do risco fiscal, o real foi a segunda que mais se depreciou no período dentre todas as divisas globais, atrás apenas da lira turca, que perdeu 10,85% do seu valor ante o dólar.

A moeda da Turquia sofreu forte depreciação depois que o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, substituiu, no sábado (2), o presidente do branco central local por um crítico da alta de juros.

Foi a terceira vez desde 2019 que Erdogan —que pediu por taxas baixas diversas vezes— trocou o presidente do banco central turco.

O presidente demitido, Naci Agbal, nomeado há menos de cinco meses, havia conquistado elogios do mercado por aumentar agressivamente a taxa básica de juros local em mais de 875 pontos, para 19%, a mais alta entre as grandes economias.

A depreciação da lira desestabilizou demais moedas emergentes, como o real. Aos olhos dos grandes investidores estrangeiros, o real e a lira turca estão em uma mesma categoria.

A Argentina também impactou a moeda brasileira. Nesta semana, a vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, disse que o país não tem dinheiro para pagar a dívida de US$ 44 bilhões que tem com o FMI (Fundo Monetário Internacional). A delcaração elevou o risco da América Latina aos olhos dos investidores. FolhaPress Leia mais em bpmoney 27/03/2021