Os banqueiros de Wall Street celebraram o ano passado porque as fusões e aquisições chegaram ao patamar mais alto já registrado, superando até 2007, antes da crise. Neste ano, essas transações estão batendo um recorde mais questionável: elas entraram em queda.

Dos US$ 5 trilhões em transações que foram anunciados em 2015, quase 10% –US$ 504 bilhões– foram cancelados desde então. A quarta-feira foi especialmente ruim para os banqueiros, porque duas fusões avaliadas em um total combinado de US$ 21 bilhões fracassaram.

O cancelamento dessas transações significa que 2015 perdeu o título de maior ano para os negócios, cujo total caiu para US$ 4,06 trilhões, em comparação com US$ 4,09 trilhões em 2007.

As empresas e seus banqueiros são responsáveis por parte dos fracassos, disse Ira Gorsky, analista da Elevation, com sede em Jersey City, New Jersey. As transações cresceram tanto, e em setores já consolidados, que despertaram a ira das autoridades antitruste.

“As empresas ampliaram muito o tamanho das transações que pretendiam realizar”, disse Gorsky.

Foi o que aconteceu com o fim da tentativa da Staples de comprar a Office Depot por US$ 6,3 bilhões. A Comissão Federal de Comércio dos EUA argumentou que a união das duas papelarias prejudicaria os consumidores, e um juiz federal concordou na terça-feira. As empresas disseram que acabariam com o acordo.

Horas depois, a União Europeia bloqueou a oferta de 10,25 bilhões de libras (US$ 14,8 bilhões) da CK Hutchison Holdings para comprar a O2, unidade da Telefónica. As autoridades reguladoras disseram que a fusão poderia prejudicar a concorrência e elevar os preços.

Megatransações
Em 2015, houve mais do que nunca as chamadas megatransações, aquelas avaliadas em US$ 20 bilhões ou mais. Ao todo, foram 17 acordos neste valor ou acima dele, em comparação com 35 negócios do tipo no período de cinco anos de 2010 a 2014.

A ascensão das grandes transações foi tão grande que o tamanho médio de todas as fusões e aquisições avaliadas em US$ 500 milhões ou mais foi de US$ 3,3 bilhões, em contraste com US$ 2,2 bilhões em 2014.

O tamanho não é o único aspecto a chamar a atenção. As autoridades antitruste do Departamento de Justiça dos EUA frustraram em abril a oferta da Canadian Pacific Railway para comprar a Norfolk Southern, opondo-se a uma estrutura de votação de confiança, que propunha que o CEO da Canadian Pacific dirigisse a Norfolk Southern.

O Tesouro dos EUA também foi agressivo em suas iniciativas para impedir transações que considera contrárias ao interesse nacional.

As autoridades bombardearam a fusão de US$ 160 bilhões entre a Pfizer e a Allergan ao propor regulamentações mais estritas para controlar as transações de inversão fiscal – acordos que permitem que uma empresa dos EUA transfira seu endereço fiscal para o exterior. Ed Hammond e David McLaughlin (Bloomberg) — Leia mais em bol.uol 12/05/2016