Operando no mercado desde março de 2022, a startup Campo Capital planeja um crescimento exponencial. Apostando no modelo de investimento direto em fazendas, a expectativa é passar dos atuais cerca de R$ 3 milhões gerenciados para mais de R$ 50 milhões até 2024. O impulso deve vir da parceria com a Ativa Investimentos, que passou a ser sócia da companhia.

“Desde o lançamento, estávamos em busca de um sócio estratégico para dar escala aos negócios. E a Ativa vai nos ajudar a dar essa escala”, resume a sócia-fundadora e CEO da Campo Capital, Isadora Caixeta, em entrevista à Globo Rural. De acordo com o comunicado, o aporte da Ativa na startup é minoritário e não teve valor revelado.

A ideia de criar a startup surgiu de uma conversa de Isadora com Bruna Aguiar, sua amiga de infância, em Patrocínio, município do Cerrado mineiro conhecido pela produção de café. Bruna é de uma família de agricultores e compartilhou uma dificuldade de seu pai para contrair crédito em um banco.

Startup Campo Capital e Ativa Investimentos formam sociedade

Bruna, então, questionou como o produtor poderia conseguir capital para sua atividade de uma maneira diferente e se haveria interesse das pessoas em investir diretamente em fazendas. Isadora, com atuação no mercado financeiro no Brasil e no exterior, conta, que, nos Estados Unidos, por exemplo, o modelo, chamado de peer-to-peer, é bem utilizado. E serviu como referência.

“Fomos pesquisar como fazer isso no agro para tropicalizar esse modelo de negócio. Fizemos uma pesquisa de mercado lá. Começamos um plano de negócio, convidamos uma terceira sócia e começamos a empresa”, conta Isadora.

Com um quadro executivo formado apenas por mulheres, hoje, além das duas amigas de infância e da Ativa Investimentos, a Campo Capital tem mais duas sócias: Rafaela Caixeta e Maria Izabel Daura.

Renda Fixa

Os R$ 3 milhões que a Campo Capital gerencia atualmente são recursos de pessoas físicas investidos em seis fazendas de café de Minas Gerais. Segundo as sócias, a escolha das propriedades passa por análise de crédito e avaliação de ações de sustentabilidade realizadas pelo produtor.

Isadora Caixeta explica que o aporte é feito por meio de uma cota de dívida da fazenda adquirida pelo investidor com renda fixa, um processo semelhante a uma emissão de debênture por uma empresa. A principal diferença é que o título da operação é uma CPR Financeira.

“O cliente se cadastra e vê qual fazenda está sendo financiada. Quando ele investe, está aplicando em uma renda fixa, com taxa e prazo definidos. E sabe, inclusive, como o recurso que ele aplicou será utilizado”, afirma a CEO da Campo Capital

Para cada montante recebido, o produtor rural emite uma CPR Financeira referente à parcela de cada investidor. Os vencimentos podem ser de até cinco anos. Como a operação é pré-fixada, a rentabilidade já fica estabelecida. O investimento é isento de Imposto de Renda.

“Foi feita uma mudança de legislação para ampliar o acesso do mercado de capitais ao agro. E a CPR vem trazer esse recurso, já que o Tesouro não é capaz de atender toda a demanda por crédito”, resume Bruna Aguiar, sócia da Campo Capital.

As garantias do investimento incluem desde aval dos sócios da fazenda até alienação fiduciária da produção. Em caso de não cumprimento do contrato, a execução é feita extrajudicialmente com apoio de uma assessoria jurídica, dizem as executivas. Se um agricultor aliena a safra, por exemplo, e é necessário executar a cláusula, a Campo Capital, que detém o produto alienado, vende a produção no mercado e ressarce perdas do investidor.

“A gente acaba sendo uma nova fonte de crédito para o produtor. Menos burocrático em comparação com bancos e cooperativas”, argumenta Isadora Caixeta.

Base de clientes e portfólio

A chegada da Ativa traz, de cara, a expectativa de ampliar a clientela da Campo Capital. A corretora tem 140 mil investidores em sua base, que passarão a ter acesso à alternativa proposta pela startup. A expectativa é ter, além de pessoas físicas, investidores institucionais, com maiores volumes de recursos e fundos de investimento, explica Isadora Caixeta.

O aporte feito pela Ativa prevê também desenvolvimento tecnológico. Está nos planos um aplicativo para dispositivos móveis com a promessa de uma plataforma de acesso mais amigável para o cliente. Atualmente, as operações da Campo Capital são feitas via computador (desktop).

“Isso nos traz um novo acesso do universo de investimentos. Hoje, fazemos peer-to-peer, mas pretendermos ter Fiagro, estruturar CRA, ter tudo o que o mercado financeiro tem que gere crédito acessível e menos burocrático”, afirma a executiva.

Do ponto de vista da Ativa Investimentos, a sociedade traz uma nova opção para os clientes, além de oferecer a estrutura para a Campo Capital expandir negócios. É o que explica Juliana Figueiredo, diretora de Governança Corporativa e sócia responsável pela parte operacional da corretora.

“A Ativa funciona como um distribuidor. Dentro da minha curadoria, faz sentido promover investimentos alternativos. O mercado vem crescendo com tecnologia e ideias inovadoras”, diz.

Como a Campo Capital adota critérios de sustentabilidade na avaliação das propriedade … leia mais em Globo Rural 17/01/2023