Bryan Johnson ficou famoso por levar às últimas consequências um dos movimentos mais fortes dos últimos tempos no Vale do Silício: a descoberta de novas tecnologias e tratamentos para prolongar a vida. Ele, que já havia enriquecido na juventude, ao vender sua startup de pagamentos para o PayPal, passou a viver em função da longevidade. Tudo que faz – e todo o dinheiro que ganha – vem da obsessão de viver mais.

Mas será que suas incursões em biotecnologia podem trazer prejuízo à saúde de outras pessoas? A pergunta é ainda mais urgente quando se fica sabendo que sua startup dedicada aos exames médicos “de corpo inteiro” acaba de receber aportes no valor de US$ 21 milhões, totalizando um financiamento total de US$ 41 milhões.

Para Johnson, a ressonância magnética de corpo inteiro é a chave para monitorar cada centímetro do seu corpo e, assim, se manter jovem. “Acabei de fazer uma ressonância magnética em todas as articulações do meu corpo em preparação para a terapia com células-tronco. Estou fazendo um no meu cérebro. Estou usando-o para quantificar os músculos e a gordura do meu corpo”, disse ele à Forbes americana. “No próximo mês, farei seis ressonâncias magnéticas.”

Startup de "ressonância de corpo inteiro" recebe aporte milionário
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Em seus exames, ele usa a startup novaiorquina Ezra, que usa inteligência artificial para acelerar o processo. A IA da startup é uma rede neural, construída em um banco de dados de 10 milhões de imagens de ressonância magnética. Na opinião de seu fundador, Emi Gal, exames regulares de corpo inteiro deveriam ser feitos por todos, a fim de detectar doenças – especialmente o câncer – em seu estágio inicial. Segundo ele, 7.000 pessoas já fizeram o exame, que custa US$ 2.500.

Mas será que a prática, aprovada pela FDA (a agência de regulação de saúde americana) realmente funciona? E, mais do que isso, será que não há o risco de trazer prejuízos à saúde, em mais de um sentido? A maior preocupação dos médicos é que o exame possa sujeitar pessoas a tratamentos desnecessários e dados à sua saúde mental. Isso porque há muitos falsos positivos – alguns sinais preliminares de câncer, por exemplo, têm probabilidade muito baixa de se espalhar ou comprometer a saúde.

Sinais de câncer de próstata, por exemplo, muitas vezes deveriam ser apenas monitorados, porque o progresso é lento, admite o fundador da startup. A maioria dos nódulos da tireoide são benignos. E por aí vai.

Bryan Johnson não pretende desistir de seus exames tão cedo. “Eu entendo os argumentos das pessoas de que isso pode gerar um monte de outras coisas. Por outro lado, existe a possibilidade de não sermos suficientemente preventivos”, disse ele à Forbes… leia mais em Época Negócios 11/02/2024