A Fibria, formada pela fusão entre Votorantim e Aracruz, pretende anunciar em três meses o projeto de um assentamento destinado a 1,3 mil famílias. O parceiro nessa empreitada é o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o mesmo que há três anos destruiu o centro de melhoramento genético da Aracruz em Guaíba (RS).

“Estamos próximos de anunciar nossas metas de longo prazo e entre elas está obter uma licença social para operar”, disse, na sexta-feira, o presidente do conselho de administração da Fibria, José Luciano Penido, em uma mesa de discussões do Prêmio Eco 2011, uma parceria do Valor com a Câmara Americana de Comércio (Amcham). A Fibria recebeu em agosto os líderes do MST em sua reunião anual estratégica.

O apoio social às comunidades vizinhas faz parte das metas para 2025, que a empresa espera fechar nos primeiros meses do ano que vem. “Queremos divulgar para sermos cobrados”, diz Penido. A empresa persegue o chamado “lucro admirável”, uma aceitação social que vai além dos resultados da última linha do balanço.

Em um levantamento com 76 empresas associadas, a Amcham concluiu que 37% delas incorporam práticas sustentáveis em seu cotidiano. Há apenas dois anos esse índice era de 25%.

Segundo a pesquisa, 87% consideram que inserir a sustentabilidade na gestão traz resultados positivos para a imagem da companhia e agrega valor a produtos e serviços. “Essa consciência cada vez maior de resultados é o que realmente está movendo a sustentabilidade adiante”, afirma o presidente da Amcham, Gabriel Rico.
A Kimberly-Clark percebeu resultados para o papel higiênico compacto da marca Neve, premiado este ano na categoria de produtos e serviços. Tanto que menos de seis meses depois do lançamento, vai ampliar a parcela do portfólio no formato compactado dos atuais 30% para mais de 55% até o fim do primeiro trimestre de 2012.

O produto ocupa 18% menos espaço no momento do transporte e usa um volume de plástico 13% menor. Além de favorável ao meio ambiente, está alinhado com a estratégia da empresa. Apenas embalagens com mais de quatro unidades serão compactadas. “Assim incentivamos o consumidor a comprar o formato maior”, explica o diretor de assuntos corporativos da Kimberly, Marco Antonio Iszlaji.

Muitas vezes com mudanças simples, como a de Neve, pelo menos 25 produtos sustentáveis já foram criados por meio de incentivos a fornecedores feitos pelo Walmart, premiado este ano por estratégia e processos. Nas lojas da rede, os produtos sustentáveis têm preferência na gôndola. O caminho para práticas sustentáveis começou internamente, segundo o presidente do Walmart Brasil, Marcos Samaha. “A conscientização é o primeiro passo. Não dá para envolver clientes e fornecedores sem o colaborador engajado”.

O Grupo Boticário, premiado pela estratégia, também tem buscado tornar a sustentabilidade mais do que um departamento da empresa. “Na hora de avaliar um investimento, assim como estudamos a taxa de retorno e a eficiência, se o projeto não está alinhado com o conceito de sustentabilidade não passa”, afirma o presidente da empresa, Artur Grynbaum. Por Luciana Seabra
Fonte:ValorEconômico05/12/2011