Embora sobreposição de pessoas e recursos seja inevitável nessas operações, é possível garantir o cargo e se mostrar disposto a contribuir para os novos desafios
Os impactos de fusões e aquisições devem continuar fortes nos próximos anos e isso deve influenciar negócios e carreiras.

Um levantamento da consultoria KPMG identificou novo recorde no número dessas transações no período de janeiro e setembro de 2011. Foram 606 operações, resultado 14% superior ao registrado no mesmo período de 2010, quando aconteceram 531 operações, a melhor marca até então. “A tendência é de se observar muitos negócios nos próximos anos e, dependendo das condições econômicas brasileiras e internacionais, podemos ter anos ainda mais fortes”, prevê o sócio da área de Fusões e Aquisições da KPMG no Brasil, Luis Motta.

Os setores nos quais as fusões e aquisições podem ocorrer, segundo especialistas, são os que mostram pouca competitividade diante da necessidade de o Brasil melhorar sua infraestrutura ou aqueles que precisam de escala para atender a boa economia e a crescente classe média. Tecnologia da Informação, mídia, construção, alimentos, shopping centers e outros setores do varejo estão entre eles.

De fato, fusões e aquisições costumam ser ótimas para a companhia que surge revigorada. Mas para parceiros e profissionais envolvidos esses movimentos de mercado são, no mínimo, motivo para cinco minutos de reflexão e desespero sobre as perspectivas de futuro. “Há sempre sobreposição. Parceiros e funcionários sempre sobram a mais e a empresa nova tem de definir rapidamente quem fica e quem sai”, explica o sócio da Bain & Company Jean-Claude Ramirez.

Garanta seu lugar
Em geral, as decisões sobre CEO e CFO são escolhas feitas no primeiro momento da fusão. Outros cargos executivos são definidos de acordo com os históricos, momento e capacidades de desenvolvimento. O CIO deve mostrar que é o mais bem preparado para o futuro da empresa. “Em geral, isso se resume a garantir o ganho de escala na operação, liderança com equipes e garantias de que ele pode realizar a integração das TI”, diz o ex-CIO da Telefônica e atual diretor do programa Avantti de líderes de TI, Eduardo Margara. “A comparação será inevitável e sairá ganhando quem mostrar que pode efetivar a fusão”, aponta.

A nova empresa irá surgir duas ou três vezes maior que a estrutura anterior e cheia de desafios. O ganho de escala deverá ser imediato. Quem não puder contribuir com maior volume de produtos e serviços ou ajudar nas inovações e cortes de custos, será deixado pra trás. Isso vale tanto para executivos quanto para fornecedores de insumos e de TI. E as dicas para se preparar também coincidem.

Os desafios para o CIO
No caso dos gestores de TI, a integração das infraestruturas é o maior desafio. As bases sobre as quais as tecnologias de ambas as empresas rodam deverão funcionar conjuntamente e muitos sistemas precisarão ser interligados, alguns de marcas diferentes e em regiões distintas.

Antes mesmo do processo de fusão ou aquisição as empresa procuram entender e controlar as operações do dia a dia. Os cadastros de clientes, portifólio de produtos ou serviços, contato com fornecedores e bases de dados financeiros e fiscais requerem uma consolidação para que os trabalhos não parem enquanto a nova companhia surge.

Quem irá definir as estratégias e plataformas usadas para isso é o CIO. Os movimentos iniciais de mercado, metas e até o primeiro balanço financeiro serão fruto do impulso que esse executivo irá comandar. E é ele quem, também, cuidará da documentação de tudo para facilitar futuras auditorias e renovações. por Gilberto Pavoni Junior
Fonte:tiinside05/12/2011