Depois de vender a startup de detecção de risco Niddle para a Verizon em 2018, a dupla de empreendedores Alexandre Sieira e Felipe Bouças só tinha uma certeza: queriam seguir em parceria. Aquela já era a segunda empreitada juntos e eles partiram para a terceira ao fundar a Tenchi, infraestrutura de segurança em nuvem que acaba de ser chancelada por investidores de tecnologia e setor financeiro.

A Tenchi levantou R$ 35 milhões em uma série A liderada pelo Bradesco, com a participação do L4 Venture, fundo da B3, e da Accenture, num raro investimento da gigante de consultoria em tecnologia no Brasil. A capitalização também marca a formação de um conselho, com os fundadores e Rodrigo Ragazzi, executivo de private equity do Bradesco.

A startup nasceu de um diagnóstico com companhias de diferentes tamanhos sobre cibersegurança: todas elas tinham dificuldade na gestão de risco cibernético de terceiros. “Em poucos meses de pesquisa a gente percebeu que as empresas não faziam ou faziam de forma ineficiente a gestão de risco de terceiros. Essas companhias estavam sendo invadidas por problemas de segurança não próprios, mas de clientes, fornecedores e outros parceiros, porque não tinham uma visibilidade do ambiente digital dessas conexões”, conta Bouças, o CEO da Tenchi.

Tenchi atrai Bradesco L4 e Accenture
Tenchi

O chamado Third-Party Cyber Risk Management (TPCRM) tem subido rapidamente no ranking de prioridades no universo da cibersegurança. Um relatório publicado recentemente no Fórum Econômico Mundial, em Davos, apontou que 41% das organizações que “sofreram impacto substancial de ataques cibernéticos” afirmam que o episódio teve origem em um terceiro.

Os fundadores têm mais de 25 anos de experiência no mercado. Ainda em 1999 os dois criaram a Cipher, por muitos anos referência nacional em cibersegurança, que mais tarde foi comprada pela Prosegur. O histórico dos fundadores garantiu à Tenchi um portfólio de clientes de primeira linha, como grandes bancos, seguradoras e operadoras de telecomunicações.

Os clientes internacionais não devem demorar a chegar. Inicialmente, a captação da série A foi planejada para investir no crescimento do time — hoje com 45 pessoas, número que deve dobrar até o fim do ano. A chegada da Accenture, no entanto, vai naturalmente iniciar um processo de internacionalização.

“É um investidor que traz uma vantagem competitiva. A gente faz uma oferta conjunta com eles, tanto para Brasil quanto para América Latina. Devemos em breve fechar os primeiros clientes nos EUA e na Europa, mas não significa que vamos sair montando time lá fora”, diz o CEO.

No fim de 2021, a Tenchi captou um seed de R$ 18 milhões com Maya Capital, Kinea e ONEVC, além do europeu GFC, que investiu cedo em gigantes como Facebook e Linkedin. Esses investidores também acompanharam a nova rodada… leia mais em Pipeline 01/02/2024