Oferecer um atendimento humanizado para quem sonha em ser mãe; amparar o ciclo da maternidade, da concepção ao pós-parto; e usar tecnologia para melhorar os processos, aproximar os profissionais de saúde das pacientes e diminuir os custos do tratamento, permitindo que as mulheres encontrem uma alternativa ao serviço público mais barata do que o atendimento privado. A Theia, femtech fundada pelas empreendedoras Flavia Deutsch Gotfryd e Paula Crespi, se baseia exatamente nestes pilares — e acaba de levantar R$ 30 milhões em uma nova rodada de investimento.

A startup, que opera no mercado brasileiro há dois anos, já realizou mais de mil atendimentos, com centenas de mulheres. Recentemente, lançou uma clínica própria de 150 metros quadrados, na capital paulista, em sua primeira investida off-line. Antes disso, atendimento e acompanhamento eram feitos apenas de forma online, por meio da plataforma da Theia, em parceria com médicos e especialistas parceiros e aprovados pela femtech. O espaço oferece serviços como ginecologia, obstetrícia, pediatria, fisioterapia pélvica, enfermagem obstétrica e outras especialidades.

Com o investimento que chega agora, liderado pelo fundo norte-americano 8VC, com participação de Canaan e Kaszek Ventures, a Theia se prepara para uma nova etapa. O valor será usado para a expansão da operação — digital, principalmente, visto que a empresa não tem planos de lançar novas clínicas no curto prazo —, desenvolvimento tecnológico e parcerias com planos de saúde. A ideia é permitir que mulheres façam seus tratamentos na startup usando seus convênios ainda neste semestre. “A rodada chega com o objetivo de escalar o negócio e ampliar o número de mulheres com acesso ao nosso sistema, sempre baseado em ciência e acolhimento. Para dar conta disso, precisamos de uma plataforma tecnológica robusta, com um time operacional de qualidade”, conta Flavia Deutsch Gotfryd a PEGN.

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Theia levanta R$ 30 milhões

Mães empreendedoras

Amigas desde 2012, quando se conheceram em um curso de MBA na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, as duas empreendedoras voltaram ao Brasil decididas a ter um negócio ou trabalhar em uma startup em estágio inicial. Gotfryd passou seis anos na Acesso, e Crespi, quase cinco anos na GuiaBolso — empresas cotadas para se tornarem novos unicórnios brasileiros. “A verdade é que a ideia de empreender surgiu logo que conheci a Paula”, conta Gotfryd.

O momento de virada de chave foi quando a pauta da maternidade ganhou mais força entre as duas. Crespi tinha acabado de descobrir que estava grávida, e Gotfryd passava pelo puerpério de sua segunda gestação. “Nós duas estávamos vivendo as nossas maternidades e encarando um sistema que não é centrado na mãe. Começamos a olhar as estatísticas e percebemos a frustração das mulheres em um momento tão poderoso”, afirma Gotfryd. “Saímos daquele jantar decididas a tirar a ideia do papel”, diz Crespi.

Pouco tempo depois, as duas pediram demissão de seus respectivos empregos e começaram a desenhar as primeiras versões da Theia. A certeza era de que a startup tinha de oferecer uma plataforma completa. Por meio do seu site e aplicativo, a Theia daria indicação de consultas e ações, além de permitir agendamento de encontros presenciais com especialistas parceiros ou mesmo online. Além disso, era imprescindível que a femtech tivesse acompanhamento pessoal e qualificado. Com a apresentação da proposta pronta, a dupla foi atrás de um investimento inicial do negócio. “Erámos nós duas e um PPT”, conta Crespi. Levantaram R$ 7 milhões com Kaszek Ventures e Maya Capital.

Perto de fechar o segundo ano de operação, no fim do ano passado, a Theia percebeu que era hora de ir além do digital. “Nosso grande aprendizado foi que ficar só no virtual não fazia sentido. Era hora de implementar uma solução presencial também”, … leia mais em PEGN 13/04/2022