Top 10 ajustes de EBITDA para fazer antes de vender o seu negócio
Números costumam ser “preto no branco”, certo? Na verdade, nem sempre. Quando você contrata um Investment Banking para vender seu negócio, ele “normaliza” os números da contabilidade da empresa para apresentar a melhor versão do seu desempenho financeiro.
Mas o que o Investment Banking procura e o que você pode fazer, com antecedência, para ajudar no processo de venda ou atração de um investidor? Neste artigo, identificamos os 10 principais ajustes de EBITDA para que você tenha mais chances de vender sua empresa.
É importante destacar que nem todos os ajustes irão impactar positivamente o EBITDA, mas serão realizados de um jeito ou de outro por qualquer investidor sério que analise o negócio.
Por isso é preferível ter transparência absoluta e levar os números mastigados para reduzir qualquer fricção.
Top 10 ajustes de EBITDA + Bônus
Mas então, como exatamente você pode normalizar o EBITDA da sua empresa?
À seguir estão 10 dos principais ajustes de normalização (sem ordem específica). Lembre-se que é importante fazer esses cálculos antes de colocar seu negócio à venda.
1) Receitas ou despesas “off book”
Refere-se a uma empresa que realiza vendas sem a emissão de Nota Fiscal ou compras e contratações de serviços sem a exigência de que seus fornecedores emitam a NF. Sem o lastro do documento fiscal, o lançamento não aparecerá na demonstração de resultado.
Na normalização você deve apurar estas movimentações “off book” e lançá-las na DRE Normalizada, recalculando todos os impostos que irão sofrer alterações com as novas bases de cálculo.
2) Receitas ou despesas fora do valor de mercado
Refere-se a uma empresa que realiza transações a um preço superior ou inferior aos valores de mercado. Um bom exemplo seria se sua empresa comprasse suprimentos de outra empresa, pertencente a um dos seus acionistas majoritários, a preços superiores ao valor de mercado. Quando sua empresa for colocada à venda, você deverá considerar o valor de mercado destes suprimentos na DRE Normalizada.
3) Receitas ou despesas geradas por ativos redundantes
Os ativos redundantes são aqueles que não são usados para administrar um negócio. Imagine que sua empresa possui uma casa no lago que é usada, ocasionalmente, para reuniões ou como incentivo ao bom desempenho entre seus funcionários. A casa de campo não é realmente necessária para administrar o negócio – portanto, ela seria redundante para um comprador. Assim, caso as despesas relacionadas a essa casa tenham sido pagas pela empresa, esses gastos precisam ser revistos para normalizar o EBITDA.
4) Salário do proprietário
Os salários dos proprietários costumam ser maiores ou menores do que o salário que normalmente seria pago a um diretor terceirizado. Tipicamente é comum os proprietários declararem um pró-labore mínimo e retirarem sua remuneração como dividendos em patamar maior do que os níveis de mercado para o seu cargo executivo.
No processo de normalização as despesas operacionais são ajustadas com um pró-labore a níveis de mercado.
5) Funcionários PJ
Com a flexibilização das leis trabalhistas, é cada vez mais comum os empresários optarem pelo regime de contratação de pessoas jurídicas para diversos cargos. Os investidores variam em seus níveis de rigor na interpretação dos riscos trabalhistas, sendo que, em geral, funcionários dos setores de tecnologia e marketing, que não possuem dedicação exclusiva, podem ser contratados como PJ.
No caso de colaboradores nos quais a comprovação do vínculo empregatício seja provável, as despesas com pessoal deverão ser somadas na DRE Normalizada considerando os respectivos encargos trabalhistas.
6) Gastos com desenvolvimento de software
O salário de desenvolvedores de software alocados exclusivamente no desenvolvimento de novos aplicativos/sites/softwares com o objetivo de gerar benefício econômico futuro poderão ser considerados como ativo intangível, reduzindo as despesas operacionais e aumentando o EBITDA Normalizado.
7) Aluguel de instalações acima ou abaixo do valor do mercado
Muitas empresas não são donas das instalações que ocupam, mas as alugam de um acionista. Isso se assemelha às transações com partes relacionadas que precisam ser ajustadas, mas destaco isso como um ponto separado, dada a frequência com que ocorre.
O aluguel é, muitas vezes, fixado arbitrariamente acima do aluguel de mercado. O EBITDA seria ajustado para cima, adicionando de volta o aluguel arbitrário e subtraído do aluguel real de mercado.
8) Despesas extraordinárias
Processos judiciais, recuperações de sinistros de seguros, arbitragens, etc.
Quaisquer natureza de despesas que não aconteceram nos últimos 12 meses e que não há previsão de acontecer nos próximos 12, poderão ser consideradas como não recorrentes ou extraordinárias. Um outro bom exemplo são pagamentos únicos de honorários de consultorias ou serviços pontuais. Todas estas despesas são adicionadas de volta no EBITDA Normalizado.
9) Receitas e despesas não operacionais
Esta categoria de demonstração financeira geralmente é carregada com itens que podem ser adicionados de volta ao EBITDA. Às vezes, também é o destino de despesas que não podem ser categorizadas em outro lugar.
Preste muita atenção a essas contas e certifique-se de que qualquer item que não seja recorrente seja somado de volta. Por exemplo, algumas empresas registram bônus únicos para funcionário e doações nesta categoria. Isso definitivamente deve ser adicionado de volta ao EBITDA.
10) Reparos e manutenção
Uma das categorias mais negligenciadas na revisão de EBITDA é a de reparos e manutenção. Muitas vezes, os proprietários categorizam os gastos com reforma da sede, novas instalações e ampliações como despesas e não como investimento (CAPEX). Embora essa prática possa reduzir os impostos anuais, reduzirá o EBITDA histórico e prejudicará o valor da empresa para os investidores.
Portanto, uma revisão adequada para separar e adicionar qualquer um desses itens de capital de volta ao EBITDA é uma obrigação.
Bônus: Estoque
Se sua empresa presta serviços usando equipamentos, por exemplo, provavelmente você terá um estoque de peças disponível e pronto para a utilização. Seria inteligente contar e avaliar esse estoque o mais próximo possível do momento em que o negócio é vendido. Qualquer excesso seria adicionado de volta ao EBITDA para contabilizar o valor real desse estoque.
Como dissemos, números não são “preto no branco”, especialmente se você estiver calculando o EBITDA para vender seu negócio.
Os Investment Bankings prepararam um resumo de três a cinco anos do EBITDA normalizado para levar sua empresa a mercado, mas não há nada que impeça você de revisar seus próprios números bem antes de decidir vender, para que você balizar sua expectativa com base nos critérios que o os investidores irão avaliar a sua empresa...AUTOR Anderson Rostirolla – Head da Stark… leia mais em Stark 26/02/2024