O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos no mundo, porém sofre com uma dor crônica dentro da sua indústria de alimentos. Contudo, também é um dos que mais desperdiça alimentos. Segundo a ONU, por ano, cerca de 1/3 de todo o alimento produzido no mundo são desperdiçados. Só no Brasil são mais de 26 milhões de toneladas. Sem soluções adequadas, a o varejo de alimentos descarta 42,5% do que é produzido por conta da data de validade expirada. Na indústria alimentícia, segundo estimativas, o desperdício de alimentos representa R$ 16, 5 bilhões a quem produz no país. Globalmente, o prejuízo chega a US$ 1 trilhão.

Pensando em transformar este prejuízo em rentabilidade para a indústria de alimentos a partir da revenda de produtos próximos da data de validade, surge em 2020 a foodtech Restin. Para acelerar seu crescimento, a startup acaba de anunciar o início de uma nova rodada de investimento de R$ 720 mil dentro da plataforma de investimentos em startups EqSeed. O negócio já conquistou dois dos maiores gigantes da indústria alimentícia como Nestlé, Swift e tem como sócia-investidora, Carol Paiffer, um dos tubarões do programa Shark Tank Brasil. Além disso, em 2022, a startup foi uma das graduadas do InovAtiva de Impacto Socioambiental, programa de aceleração focado em negócios inovadores com propósito de gerar impacto social ou ambiental positivo.

A solução é ideal tanto para a indústria que tem alimentos próximos à data de validade antes de serem descartados ou incinerados, como para o mercado de food service que se beneficia ao comprar alimentos com valores mais acessíveis. A empresa escoa a produção resgatando nas indústrias os alimentos próximos ao vencimento ou reversos e os revende a restaurantes e cozinhas solidárias, contribuindo para a redução do desperdício alimentar e da emissão de carbono.

“Nós atuamos como uma ponte entre a indústria alimentícia, a partir do resgate de produtos próximos da data de validade ou que retornaram do varejo – conhecidos como produtos reversos -, e o setor de food service que precisa de reposição de mercadoria com frequência, como diversos restaurantes e cozinhas comunitárias. O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e, infelizmente, também um dos países que sua população mais passa fome”, comenta o CEO da Restin, Luciano Almeida.

Em 2023, a Restin alcançou um marco importante ao atingir o breakeven, demonstrando a viabilidade e o impacto positivo de seu modelo de negócios. Esse sucesso pavimentou o caminho para a atual rodada de captação, com a qual a startup pretende alavancar ainda mais sua atuação.

“O que mais nos atraiu no negócio dessa startup é sua capacidade de geração de receita para a indústria alimentícia vinda de uma fonte considerada perdida, dos alimentos próximos à data de validade. Acreditamos muito neste conceito de ESG, onde há um propósito interessante à sociedade e ao meio ambiente de forma geral, desde que esteja vinculado a soluções geradoras de maior eficiência. Este é o caso da Restin”, afirma Igor Monteiro, Diretor de Investimentos da EqSeed.

De acordo com Luciano, os recursos obtidos na rodada de investimento serão destinados a áreas chave dentro da empresa. “Primeiramente, nós focaremos em tecnologia, no desenvolvimento de uma plataforma de análise de produtos vinculados ao ERP da indústria”.

Além disso, a startup planeja investir significativamente em estratégias de crescimento como melhorias nas áreas comercial e de marketing, bem como no desenvolvimento de sua própria plataforma de vendas. A expectativa é de que a captação na EqSeed impulsione o faturamento da Restin, que projeta alcançar R$ 3,5 milhões nos próximos 18 meses.

“Estamos resinificando o sentido de ser ESG, pois desenvolvemos um negócio que recupera milhões de reais de uma receita da indústria que a queimava literalmente e, ao mesmo tempo, ajudamos a evitar o desperdício de alimentos”, finaliza o CEO.

Um pouco mais sobre o desperdício de alimentos no Mundo

Segundo dados da WWF, cerca de 2,5 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente em todo o mundo. No Brasil, o cenário é igualmente alarmante, com mais de 33 milhões de pessoas com insegurança alimentar grave, ou seja, passando fome, enquanto um terço da produção de alimentos é descartada.

Com informação da LPCom 1/03/2024