As agtechs da América Latina levantaram R$ 1,23 bilhão no ano passado, segundo dados públicos compilados em relatório da rede de inovação aberta Liga Ventures, em parceria com a Bunge e o Hub CNA Digital. O volume é 32,8% menor que o R$ 1,83 bilhão captado de 2022. O número de rodadas recuou 24,2%, de 66 para 50.

Daniel Grossi, co-fundador e diretor de risco da Liga Ventures, explica que o ano de 2022 foi marcado por rodadas com cheques maiores — acima de R$ 100 milhões — concentrando grandes volumes de recursos em poucas startups.

Do montante captado em 2023, R$ 882 milhões ficaram com startups brasileiras, uma queda em relação aos R$ 1,24 bilhão do ano anterior.

Segundo o estudo, existem 977 agtechs ativas na região — considerando apenas startups que atuam diretamente com tecnologias para a produção agropecuária. Foram contabilizadas apenas empresas com rastros de atividades em canais públicos nos últimos seis meses, site ativo e produtos ou serviços que já passaram das fases de ideia e concepção.

Agtechs da América Latina captaram 33% menos em 2023
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Dentre os países, o Brasil tem o maior número de agtechs ativas, com 83% do total. Na sequência, aparecem Argentina (5%), México (4%), Colômbia (4%) e Chile (3%).

Internamente, o estudo da Liga Ventures confirma que a maior parte das startups do agronegócio brasileiro estão no Estado de São Paulo (41%). Depois, é seguido por Paraná (11%), Minas Gerais (10%), Rio Grande do Sul (10%) e Santa Catarina (7%).

Predomina entre as agtechs a estratégia de venda de tecnologia por meio de outras empresas, como cooperativas e distribuidores de insumos. Do total, 74% operam no B2B.

Esta é a primeira edição do mapeamento, que deve ser importante para dar uma visão ampla das tecnologias disponíveis para o agronegócio rbasileiro ao Sistema CNA/Senar, afirma Danielle Leonel, coordenadora do Hub CNA Digital.

Danielle reforça que as novas tecnologias vêm ganhando mais espaço nas pequenas e médias fazendas. “A adoção ainda enfrenta o alto custo, em alguns casos”, afirma.

10 categorias com mais agtechs são:

  1. biotecnologia (10,04%);
  2. backoffice para agronegócios (7,87%);
  3. vant e geoprocessamento (7,56%);
  4. gestão da pecuária (7,56%);
  5. gestão e análise de plantio (7,14%);
  6. nutrição de plantas (6,73%);
  7. proteínas e bebidas alternativas (6,21%);
  8. comercialização de insumos agropecuários (6,11%);
  9. máquinas e equipamentos para produção (5,49%);
  10. serviços financeiros (4,97%).

O levantamento mostra que a categoria de biotecnologia foi a que mais cresceu nos últimos quatro anos, aumentando em 11%, para 99 empresas. Grossi atribui esse avanço à participação ativa de universidades e incubadoras no processo, já que boa parte dos produtos nascem de pesquisas em polos de pesquisa do agronegócio.

No entanto, o diretor da Liga Ventures diz que o desafio das biotechs é a atração de investimentos. “O mercado de venture capital está mais acostumado com as soluções digitais”, afirma…. leia mais em Globo Rural 30/01/2024