Depois de abocanhar quase 90% das emissões de ações neste ano, entre follow-ons e block tarde, o BTG Pactual avalia que as atuais condições de mercado indicam um último trimestre de pouco movimento – e com o segundo aniversário da seca de IPOs. A última oferta inicial na B3 foi a listagem do Nubank, simultânea entre Brasil e EUA, em dezembro de 2021 (o banco, inclusive, já deixou a bolsa brasileira).

O BTG participou da coordenação de pouco mais de R$ 32 bilhões do volume da ordem de R$ 37 bilhões em transações de ações, concentradas principalmente entre maio e julho. “Se no primeiro semestre havia definições domésticas no radar, como arcabouço fiscal, não tem nada tirando o sono no cenário de Brasil hoje. O olhar é para a curva de juros americana e para as questões geopolíticas”, diz Fabio Nazari, chefe de ECM do BTG.

O ataque do grupo terrorista Hamas a Israel, que deflagrou um novo conflito em adição à guerra na Ucrânia e embates políticos e comerciais entre China e Estados Unidos, é o novo componente de riscos ainda difíceis de mensurar para a economia – o que fará emissores aguardarem alguma clareza sobre as consequências globais.

As perspectivas para ofertas de ações
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Nazari segue com operações de follow-on no pipeline para o último trimestre do ano e avalia que, para esse tipo de oferta, o Ibovespa precisa voltar a um patamar em torno de 120 mil pontos para abrir nova janela. O índice está hoje em 116 mil pontos.

Já um mercado bom para IPO é a 130 mil, 140 mil pontos. Quando isso acontecer, vamos ter 10, talvez 12 ofertas iniciais de companhias que já estão prontas e tem porte para operações de US$ 400 milhões, US$ 500 milhões. Estamos falando de 2024 ou, quem sabe, até 2025”, diz Nazari. Esse patamar sinalizaria dinheiro novo para a renda variável, no que hoje tem sido muito mais um troca de posições.

A participação de estrangeiros nas operações que saíram neste ano ainda foram tímidas no comparativo de três anos atrás. O executivo aponta, no entanto, um perfil de investidor de longo prazo nas alocações. “Foram fundos que montam posições mais fundamentalistas, não hedge funds, que devem voltar a participar mais com alguma previsibilidade dos juros dos Estados Unidos e com alta da bolsa local”, diz. Nazari “Devemos sair de uma participação majoritária de fundos brasileiros para um equilíbrio entre esses grupos de investidores.”

De 18 follow-ons, que somaram R$ 30,14 bilhões neste ano, o banco liderou seis, incluindo Assaí, BR Partners e a oferta de privatização da Copel, que somaram R$ 12,1 bilhões, e compôs o sindicato de outros nove, que movimentaram R$ 16,9 bilhões. Também coordenou cerca de R$ 2,5 bilhões dos pouco mais de R$ 7 bilhões em blocos neste ano… leia mais em Pipeline 11/10/2023