Expectativa de analistas é que atividades de M&A aumentem no Brasil entre 10% e 15% neste ano de um modo geral; rede privada de educação teve um crescimento de 4,7% no ano passado, segundo dados do MEC

A rede privada de educação básica vem se recuperando das perdas registradas na pandemia, alcançando no ano passado um crescimento de 4,7% em relação a 2022 no número de matrículas, segundo o Censo Escolar 2023, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com o relatório, no ano passado as escolas particulares tinham 9,4 milhões de alunos matriculados, volume superior ao período pré-pandemia quando eram 9,1 milhões, em 2019. E com a retomada do setor, há também uma grande expectativa do mercado financeiro para que as atividades de fusões e aquisições (M&A) ganhem força ao longo do ano.

“Os grandes grupos enxergam na educação um mercado grande e com potencial de expansão. Além disso, por ainda se tratar de um segmento fragmentado, muitas vezes sem tecnologia e gestão, esses grupos com capacidade de investimento podem trazer essas competências, e ainda proporcionar uma chance de saída às famílias fundadoras dessas escolas, que muitas vezes já não possuem um plano de sucessão”, explica o economista Vinicius Oliveira, sócio da Redirection International, empresa especializada em assessoria de fusões e aquisições que fez um estudo no início do ano no qual projeta um crescimento entre 10% e 15% no volume total de transações no Brasil em 2024, para o mercado de M&A em geral, não somente em educação.

Vinicius Oliveira destaca que apesar de as atividades de M&A terem desacelerado de um modo geral no ano passado afetando também o mercado educacional, ainda existem muitas oportunidades no setor, que movimenta aproximadamente R$90 bilhões por ano somente na educação básica. “É um mercado bastante fragmentado e composto, na maioria das vezes, por empresas pequenas e de gestão familiar. Nos últimos anos, grandes grupos estão chegando com plataformas de tecnologia, gestão profissionalizada, preços agressivos, tendências como educação bilíngue e programas de intercâmbio”.

Uma das empresas que têm buscado a expansão por meio de aquisições é a The Great Schools Platform que em 2022 adquiriu 11 escolas e tem planos para adquirir de 5 a 10 novas unidades educacionais nos próximos anos. “O mercado de educação básica é muito pulverizado, com muitas escolas que, na maioria dos casos, têm cerca de 300 alunos somente. Dadas essas características, entendemos que a forma mais rápida para construir uma plataforma relevante no mercado brasileiro é crescer por meio de aquisições. Além disso, acreditamos que há oportunidades para melhorar a gestão das escolas e, consequentemente, obter mais satisfação dos alunos e suas respectivas famílias”, destaca Tarcisio Manso Villela, co-founder e head de M&A da The Great Schools Platform.

Segundo o Censo Escolar 2023, em todo o Brasil são cerca de 47,3 milhões de estudantes matriculados na educação básica e, deste montante, aproximadamente 20% estão em escolas particulares. Em relação às etapas da educação básica, a rede privada detém apenas 21,9% do mercado de Pré-Escolas, 19,3% dos anos iniciais do Ensino Fundamental, 16,3% dos anos finais do Ensino Fundamental e 12,8% do Ensino Médio.

Para Vinicius Oliveira, os dados demonstram que ainda há um grande potencial de migração dos estudantes para o mercado privado. “Esses quase 9,5 milhões de estudantes no mercado privado hoje estão sendo atendidos por cerca de 40 mil escolas, o que resulta numa média de um pouco mais de 230 alunos por instituição. Esse número é baixo e faz com que muitas escolas não tenham escala suficiente para serem rentáveis. Para se ter uma ideia, esse número no Ensino Superior está mais próximo de 3 mil alunos por instituição”, afirma… leia mais em Diário Indústria&Comércio 15/03/2024