O cenário de fusões e aquisições ganha cada vez mais importância na relação entre startups e grandes empresas da América Latina. Um recente estudo da consultoria KPMG aponta que o Brasil é o segundo país da região com mais atrativos para as transações de M&A por conta da diversidade de modelos de negócios e ideias disruptivas, especialmente nos segmentos de tecnologia, serviços financeiros e energia.

Esses processos são longos e repletos de desafios, que demandam um planejamento robusto e complexo. Isso envolve diversos atores para que o negócio funcione para ambos os lados: o do vendedor e o do comprador – ou sell-side e buy-side.

Rafael Assunção, fundador e managing partner da Questum,  diz que as operações de M&A podem levar meses ou até anos para serem finalizadas.O processo depende de diversos fatores, como tamanho e complexidade do negócio, identificação dos potenciais compradores, organização de materiais e documentação, valuation, entre outros. É preciso garantir que essa negociação seja perene para ambas as partes, com projeção de crescimento e bons resultados”.

A  organização das transações de M&A pode ser dividida em três etapas:

Preparação e pesquisa

A primeira fase do processo de venda de startups inicia com uma análise detalhada da empresa e do mercado. Os empreendedores têm a importante tarefa de definir seus objetivos e expectativas em relação aos valores, prazos, condições e outros aspectos da transação. Durante esse processo, algumas questões cruciais são consideradas:

Valores e Prazos: por quanto os empreendedores desejam vender a startup? Esse é um valor viável considerando o histórico de transações realizadas neste setor? Qual o período esperado para concluir a transação?

Valuation e liquidez: quais são os elementos que influenciam a valoração da startup e a facilidade de encontrar compradores interessados?

A pesquisa de mercado desempenha um papel fundamental nessa etapa. Ela envolve a análise do perfil de potenciais compradores, o histórico de negócios semelhantes no setor, a avaliação de múltiplos de empresas comparáveis, bem como uma avaliação do cenário econômico vigente.

Contato e negociação

Após a definição das estratégias para o exit, a segunda etapa se inicia com a aproximação com potenciais compradores. Neste momento, é fundamental estabelecer uma comunicação eficiente, na qual ambas as partes compreendam os benefícios da operação.

Neste período, a transparência e a apresentação clara dos pontos fortes da empresa podem fazer toda a diferença no sucesso da operação de M&A. Cria-se, então, um material abrangente contendo informações essenciais sobre o negócio, como produtos, serviços, equipe, situação financeira, entre outros. Essa documentação é compartilhada com o buy-side e permite a avaliação do interesse na transação, com uma visão clara do que a empresa tem a oferecer. A abordagem estratégica nesta etapa é crucial para cativar o interesse dos compradores e iniciar o processo de negociação em bases sólidas.

Due diligence e fechamento

A etapa de due diligence começa após a assinatura de um acordo não-vinculante entre as partes. O sell-side disponibiliza informações detalhadas sobre a empresa, permitindo que o buy-side faça uma análise minuciosa do negócio como um todo.

Em paralelo, é elaborado o contrato final, conhecido como SPA (Share Purchase Agreement ou Contrato de Aquisição de Ações), que tem como função definir os detalhes da transação, incluindo os termos e condições acordados, e o plano de pós-fechamento. A análise detalhada da empresa pelo comprador é um passo crucial, pois possibilita a identificação de riscos potenciais, bem como a confirmação dos pontos-chave que tornam a operação atraente. Com a concordância em relação aos detalhes do SPA, a etapa é concluída com a assinatura do contrato e a transação é comunicada ao mercado.

Essa fase é um momento de grande importância para ambas as partes, pois representa a concretização da operação de M&A após uma avaliação criteriosa e detalhada da empresa em questão. A assinatura do contrato marca um passo significativo rumo ao fechamento bem-sucedido da transação.

“A jornada do M&A é árdua e requer comprometimento, mas segue sendo uma opção atraente de negócios no Brasil. Minha sugestão para os empreendedores de startups é pensar nas etapas acima o mais cedo possível, e que esse seja um tema de discussão entre os sócios, para evitar desentendimentos quando as oportunidades aparecerem, sempre buscando referências no mercado e contato com possíveis mentores, investidores e compradores”, finaliza o sócio da Questum. Autor Rafael Assunção, da  Questum M&A e Investimentos, assessoria especializada em apoiar empreendedores na jornada de investimentos e M&A.

Com informações da Dialetto 25/10/2023