O escândalo envolvendo o investidor Crispin Odey e seu hedge fund britânico está tendo consequências até no Brasil.

A Odey Asset Management começou a reduzir sua posição de longa data na SLC Agrícola, a maior empresa agrícola do país, segundo pessoas com conhecimento direto do assunto. O volume de ações negociadas e quais fundos da Odey estão envolvidos não estão claros, disseram as pessoas, pedindo anonimato porque a informação não é pública. Embora o momento exato das vendas ainda não possa ser identificado, elas foram feitas nos últimos dias, segundo as fontes.

A Odey é há muito tempo a maior acionista da companhia depois da família fundadora Logemann, que controla a SLC. A gestora aumentou suas posições em 2017 e detinha uma participação de 9,3% na SLC em maio — ou cerca de 21,1 milhões de ações —, avaliadas em R$ 739 milhões nos níveis atuais, segundo documentos regulatórios.

A SLC estava entre as dez principais posições do principal fundo da Odey em agosto do ano passado e entre as dez principais apostas do Odey Opus Fund em abril, segundo cartas a investidores vistas pela Bloomberg.

Escândalo envolvendo investidor britânico tem consequências até no Brasil

A gestora de Odey enfrenta uma crise após a publicação de uma investigação do “Financial Times” em 8 de junho sobre o tratamento dado a mulheres durante um período de 25 anos, que incluiu várias alegações de assédio e agressão sexual. A empresa disse no sábado que se separou totalmente de seu fundador e agora está em negociações avançadas para transferir seus fundos e diversos funcionários para outras assets.

A Odey não comentou. A SLC Agrícola “está acompanhando a situação e até o presente momento não tem conhecimento de alterações relativas à estratégia de investimento do referido fundo”, segundo nota.

Embora Odey fosse o segundo maior acionista da SLC, ele não tinha voz ativa dentro da empresa e nunca procurou influenciar as operações, de acordo com uma das pessoas.

As ações caíram cerca de 4% desde que o escândalo estourou, o segundo pior desempenho entre os papéis do Ibovespa, enquanto o volume negociado está acima da média histórica. Um programa ativo de recompra de ações que está sendo realizado pela SLC está abocanhando até 10% do volume diário de negociação, segundo uma das pessoas.

A SLC, com sede em Porto Alegre, é responsável pela maior área cultivada do Brasil — cerca de 670 mil hectares, distribuídos em 22 fazendas — onde produz algodão, soja e milho. … leia mais em Valor Econômico 15/06/2023