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Depois de sete anos no Santander e um período de quarentena, André Ronseblit está de volta ao mundo dos investimentos, agora como sócio da gestora Nest. A firma, que tem o empresário Roberto Justus entre os sócios-fundadores, abre a frente de investimentos em ações no exterior.

“Meu patrimônio pessoal veio 90% de investimentos e 10% de salários e bônus ao longo da carreira, o que mostra a relevância de ter uma carteira de ativos”, conta Rosenblit, que fez carreira em grandes bancos. Foi do Garantia, se juntou ao Credit Suisse, passou Safra e Deutsche até chegar ao banco espanhol, onde ocupava o cargo de chefe de equities quando saiu.

Foi um bônus, no entanto, que o ajudou a começar sua carteira pessoal: a retenção que recebeu quando o CS comprou o Garantia, no fim da década de 90. “Ali comecei a investir em companhias disruptivas. E deu certo ao longo desses mais de 20 anos”.

Ex-Santander Rosenblit vira sócio de Roberto Justus na gestora Nest

Rosenblit propôs a Justus, com quem já tinha proximidade, montar um fundo com capital de ambos para buscar ações no exterior que não dependam da curva nervosa do câmbio e dos juros no curto prazo. “Buscamos tendências seculares. O que vai ser relevante daqui a cinco, 10, 20 anos”, diz. O fundo offshore com capital semente dos sócios.

A carteira tem hoje US$ 15 milhões (cerca de R$ 75 milhões). Essas tendências incluem, por exemplo, mudança matriz energética, ciberseguranca, inteligência artificial, robótica, biotecnologia e… conflitos civis.

“A geopolítica tende a ser cada vez mais sensível. Só em 2024 serão 70 eleições presidenciais no mundo, com 4,5 bilhões de pessoas sujeitas a essa troca de administração e, infelizmente, alguns desses países têm espaço para guerra civil”, diz o gestor. “São desde países africanos ao confronto entre China e Taiwan. Friamente, uma forma de se beneficiar disso é comprar ações de empresas de bancos de dados que fornecem informações para governos e serviços de inteligência.”

Na tese de matriz energética, Rosenblit escolheu o papel da Cameco, canadense integrada de urânio, e a Quanta Services, que fornece serviços de infraestrutura para empresas de energia elétrica, como modernização de grids no mercado americano e também exporta.

“Em robótica, gosto muito da Intuitive Surgical. Se o motorista do Uber pergunta se pode ir pelo Waze, que indica como está o caminho, ou escolher o caminho sem essas informações extras, a gente escolhe o Waze. Na medicina, vai ser a mesma com o robô que opera com tecnologia e o médico cirurgião”, diz.

O fundo também tem alguma exposição nas chamadas “sete magnificas”, que além de Apple incluem Amazon, Google, Microsoft, Meta, Nvidia e Tesla – que ainda t6m desempenho acima do S&P500. “A ação da Apple custava US$ 2 em 2002 e este ano está em US$ 200, um salto de 100 vezes. Muito provavelmente ela não vai repetir isso nos próximos 20 anos, e o fundo busca aquelas outras que tenham a capacidade para isso, principalmente biotechs”, diz o gestor.

Rosenblit também está estruturando um fundo local com a mesma lógica, mas por meio de BDRs. Algumas adaptações precisam ser feitas se não houver exatamente o mesmo papel, mas a correlação será alta entre os dois, com mesmo pano de fundo. A lógica é que investidores com capital local não tenham que alocar offshore e aqueles que já têm patrimônio no exterior não precisem internalizar, argumenta.

O fundo de BDR terá início nesta semana, com cerca de R$ 25 milhões de capital proprietário dos dois sócios e vai abrir para terceiros para chegar ao menos no dobro do tamanho. A captação com terceiros deve começar em janeiro, no entorno family & friends.

“O André trouxe duas pessoas da mesa proprietária do Santander uma da WHG para formar a equipe de ações internacionais, o que complementa a atuação na Nest em ações domésticas e renda fixa”, diz Felipe Prata, sócio e CEO da Nest. O sócio Luis Fonseca toca equities nos fundos locais e a Nest opera ainda em renda fixa, crédito, previdência e tem uma área recente de investimentos quantitativos com foco imobiliário.

“A Nest entra numa outra fase, já com os alicerces bem estabelecidos, para crescimento”, emenda Prata. Com pouco mais de cinco anos de operação, quase metade deles em plena pandemia e juros nas alturas, a Nest gere cerca de R$ 700 milhões.

Rosenblit não esconde o conforto de estar por conta das telas e teses. “Depois de um tempo mais ligado à gestão de pessoas, volto meu foco para a gestão de ativos, que é o que realmente gosto de fazer”, diz… leia mais em Pipeline 20/12/2023