O mercado de ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) no Brasil vai completar em agosto três anos sem nenhuma operação. Ainda assim, o Citi acredita que esse mercado vai reabrir assim que o Federal Reserve (Fed) sinalizar de forma clara uma queda nos juros e diz que as eleições presidenciais nos EUA, em novembro, não são um imperativo.

Marcelo Millen, responsável pela área de renda variável do Citi na América Latina, comentou em evento do banco em Nova York que seu time trabalha em dois IPOs de empresas brasileiras nos EUA no fim deste ano, uma com boa parte das receitas em dólar e outra com muitos pares comparáveis no mercado global, o que justifica a listagem em bolsa americana, e não no mercado brasileiro.

“Os mercados de IPO e follow-on têm ritmos, complexidades, profundidades diferentes, e níveis de transações diferentes. Desde 2021, tivemos 50 follow-ons que levantaram mais de R$ 100 bilhões. É um mercado que está 100% aberto, para todos os tamanhos de empresas, setores, tipos de transação”, comenta Millen.

Ele conta que quase 80 empresas que chegaram a estudar um IPO durante o boom de 2021 estão em uma situação muito boa e não têm pressa de fazer uma oferta. “Elas fizeram o dever de casa, ficaram mais eficientes, e não têm uma angústia de fazer o IPO. Eu acho que a questão agora está começando a entrar em um momento que não é mais um problema só de demanda do lado dos investidores, mas de oferta, porque nenhuma companhia está disposta a desbravar esse mercado. Ficamos quase três anos sem nenhuma transação e perdemos referência. Muitas estão bem e dizem que uma oferta nesses patamares de valuation não é interessante”, complementa o responsável pelo banco de investimento do Citi no Brasil, Eduardo Miras.

Millen explica ainda que a demanda nos follow-ons mostra que há interesse robusto dos investidores. A questão é que, para IPOs, o Brasil depende de fundos especializados em emergentes, que são mais sensíveis à política do Fed e seus efeitos nesses países e no câmbio.leia mais em Valor Econômico 14/05/2024