Mubadala propõe tirar Zamp, dona do Burger King, do Novo Mercado para aumentar moeda de troca
Ao chegar a 30,4% do capital da Zamp, controladora do Burger King Brasil e Popeyes, a Mubalada Capital quer tirar a companhia do Novo Mercado da B3. Em carta enviada hoje ao conselho de administração da empresa, a gestora pede a convocação de uma assembleia extraordinária de acionistas para votar a migração, sem especificar Nível 1 ou Nível 2.
O cerne da proposta da Mubadala é aumentar a moeda de troca da Zamp, seja para captacao de recursos ou para transações de M&A. Ao deixar de ter uma estrutura de capital somente em ações ordinárias, a companhia poderia também levantar capital com emissão de preferenciais ou usá-las numa relação de troca para combinação de negócios com empresas nacionais, que estão fora do Novo Mercado, ou companhias estrangeiras de alimentação e bebidas. Na carta, a companhia cita ainda a possibilidade de uma migração da listagem principal para o exterior, de olho nas bolsas americanas.
Deixar o Novo Mercado pode implicar em redução de governança e aumentar a resistência dos demais acionistas, por isso a Mubadala adianta na mesma proposta uma mudança no estatuto da Zamp. A gestora propõe a adoção, pela companhia, de normas do NM – como procedimento arbitral para resolução de conflitos, composição do conselho com 20% de membros independentes e tag along de 100% para os minoritários em caso de tomada de controle.
“Outras companhias com boa governança estão fora do Novo Mercado, como Itaú, Bradesco, Gerdau, enquanto Americanas e IRB estavam no Novo Mercado”, pondera um executivo próximo à base de acionistas. “De qualquer forma, as ferramentas de governança serão mantidas, mas as possibilidade societárias vão se ampliar”, complementa essa fonte.
No terceiro trimestre, o Burger King não teve crescimento em mesmas lojas e a Popeyes cresceu 1,6%, enquanto a Arcos Dorados (operadora do McDonald’s na América Latina) aumentou vendas comparáveis em 10,8% no Brasil no período. O prejuízo da Zamp foi de R$ 38,5 milhões no trimestre e a alavancagem (dívida líquida/Ebitda) é de 2,3 vezes. “A performance atual é ruim”, considera um acionista da companhia.
A avaliação do Mubadala, segundo o Pipeline apurou, é que investidores relevantes com representação no conselho têm optado por um processo de turnaround que mira o curto prazo, para a companhia voltar a distribuir dividendos – como corte de custos e redução de crescimento. A expectativa é de oposiçao à proposta da Mubadala por acionistas como Mar Asset, BW e FitPart. Parte deles tem reduzido posição nos últimos meses: a Mar, por exemplo, passou de quase 7% para em torno de 5% e a BW foi de 5% para menos de 2%. Já a Fit aumentou, chegando a 20,1%… leia mais em Pipeline 20/11/2023