A Desktop (DESK3), maior provedora regional de serviços de internet (ISP) do interior de São Paulo, já tem um milhão de clientes em sua base e este ano deve alcançar faturamento bilionário pela primeira vez. A empresa surgiu no município paulista de Sumaré, ainda na era da internet discada, se listou na Bolsa em 2021 e ganhou proporções grandiosas após uma série de aquisições. Mas não é um desejo de seu fundador que a companhia se transforme em uma big telco, status das grandes empresas de telecomunicações do país. Ao menos, não é essa a cultura que ele vislumbra para a Desktop.

“Não acho que uma sede suntuosa e salários magníficos é o que atrai as melhores cabeças. É o desafio de fazer alguma coisa diferente, que faça a pessoa se sentir valorizada pelo diferencial da entrega”, afirmou Denio Alves Lindo, CEO e fundador da Desktop em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo.

Antes de fundar a Desktop, em 1996, Denio trabalhou em uma grande corporação. Foi projetista de produtos na IBM de Sumaré. Lá, o empresário teve seu primeiro contato com a internet, numa época em que poucos tinham acesso à rede. O empresário admite que a experiência o inspirou a abrir a Desktop, mas também mostrou o que ele não gostaria de levar para sua própria empresa.

“Eu via dentro da IBM uma dificuldade muito grande para se avançar com boas ideias. Um corporativismo muito reativo a qualquer iniciativa que mexesse com o status quo. São preocupações que eu vivenciei na minha carreira pregressa à Desktop e que trabalho fortemente para não ter na empresa”, afirmou.

“A gente trabalha para crescer, mas também para continuar sendo uma empresa que opera com leveza. A gente erra, mas é melhor errar rapidamente e corrigir o curso do que ficar postergando decisões por receio de reações dentro da empresa é a receita para o fracasso”, complementa.

Desktop começou com cinco linhas telefônicas

Nos primeiros anos da empresa, Denio conciliava o trabalho na IBM com o próprio negócio. “Do lado da minha cama, eu tinha uma escrivaninha, tirei um boneco que meu avô tinha me dado e coloquei um computador no lugar. Na época tínhamos cinco linhas telefônicas que atendiam até cinco clientes simultâneos”, relembra o empresário.

Nessa etapa, a Desktop não tinha porte para conseguir empréstimos num banco ou financiamento governamental. A própria geração de caixa da empresa bancou os investimentos por um bom tempo. “Se eu pudesse voltar atás, teria me alavancado mais no começo da operação. Com capital naquela época, a empresa seria quatro vezes maior do que é hoje”, afirma Denio, admitindo que era “muito conservador com recursos”.

Até hoje, a empresa fez 10 aquisições, número que Denio considera “razoável” comparado a operações de outros players do setor. “A gente poderia ter feito um pouco mais. A tendência é que, para o futuro, a gente consiga um número maior de assinantes com menos aquisições”, afirma o CEO. Segundo ele, a Desktop agora mira em aquisições maiores. “Obviamente também olhamos para alguma oportunidade estratégica, uma fusão ou algo do tipo está em vista também”.

Rede própria da Desktop é cobiçada por concorrentes

A Desktop também possui uma rede própria de fibra óptica, com 57 mil quilômetros de extensão, que tem atraído o interesse de outros players. No ano passado, a empresa confirmou ter aberto um processo formal para avaliar a venda da parte de infraestrutura. … saiba mais em InfoMoney 04/05/2024