As fusões e aquisições (M&A) são eventos que têm um grande impacto no mercado de capitais, afetando não só as empresas envolvidas, mas também os investidores, reguladores e a economia como um todo. Neste artigo, a Deallink explora em detalhes o impacto das M&A no mercado de capitais, destacando seus efeitos sobre os preços das ações, a liquidez do mercado, a concorrência, e as estratégias de investimento.

Impacto nas cotações das ações

Uma das consequências mais visíveis das fusões e aquisições no mercado de capitais é a influência direta sobre os preços das ações das empresas envolvidas. Quando uma aquisição é anunciada, é comum que o preço das ações da empresa alvo suba, refletindo o prêmio oferecido pelos compradores em relação ao preço de mercado.

Por outro lado, o preço das ações da empresa compradora pode cair, à medida que os investidores avaliam os riscos e os potenciais benefícios da transação.

A volatilidade no mercado de ações também é comum durante o processo de M&A, à medida que os investidores reagem às notícias e aos desenvolvimentos relacionados à transação. Ademais, as especulações sobre possíveis fusões e aquisições podem criar movimentos nos preços das ações, mesmo antes do anúncio oficial. Portanto, os investidores atentos às tendências de M&A podem encontrar oportunidades para lucrar com essas flutuações no mercado.

Liquidez do mercado e investimento institucional

Outro aspecto importante a considerar é o impacto na liquidez do mercado de capitais. As M&A podem resultar na retirada de empresas de capital aberto do mercado, à medida que são incorporadas por empresas maiores ou retiradas da bolsa de valores, e isso pode reduzir a disponibilidade de ações negociáveis no mercado, afetando a liquidez e a capacidade dos investidores de comprar e vender ações com facilidade.

Por outro lado, as M&A também podem atrair investimento institucional, pois fundos de private equity e outras entidades financeiras são frequentemente importantes nesses eventos.

Os fundos de private equity, por exemplo, adquirem empresas, reestruturam-nas e, eventualmente, podem devolvê-las ao mercado de ações por meio de ofertas públicas iniciais (IPOs). Isso pode injetar nova liquidez no mercado e oferecer oportunidades de investimento a longo prazo para investidores institucionais.

Concentração e poder de mercado

À medida que empresas se combinam, elas podem ganhar maior poder de mercado e influência sobre os preços, o que pode ser prejudicial para a concorrência e, em última instância, para os consumidores.

A concentração de mercado resultante de M&A pode levar a preocupações regulatórias, com órgãos reguladores monitorando de perto transações que possam criar monopólios ou oligopólios. A aprovação de fusões e aquisições muitas vezes requer uma revisão detalhada das implicações antitruste, e as empresas envolvidas podem ser obrigadas a fazer concessões para garantir que a concorrência seja preservada.

Por outro lado, em alguns casos, as fusões e aquisições podem ser vistas como uma forma de fortalecer a competitividade das empresas envolvidas, permitindo-lhes ganhar escala, acesso a novos mercados e economias de escala que podem resultar em benefícios para os consumidores.

Portanto, a avaliação do impacto competitivo das M&A pode variar de acordo com o contexto e os detalhes específicos de cada transação.

Estratégias de investimento em M&A

Os investidores que desejam capitalizar têm várias estratégias à disposição. Uma delas é o investimento em arbitragem de risco, que envolve a compra de ações da empresa alvo após o anúncio de uma aquisição, com a expectativa de que o preço subirá para refletir o preço de compra oferecido.

Porém, essa estratégia também carrega riscos, uma vez que a transação pode não ser concluída ou pode enfrentar desafios regulatórios que afetam o preço das ações.

Outra estratégia é investir em fundos de hedge especializados em eventos corporativos, que buscam lucrar com movimentos de preços durante fusões e aquisições, utilizando alavancagem e estratégias complexas de negociação. Esses fundos podem ser uma opção para investidores sofisticados que desejam diversificar suas carteiras e aproveitar a volatilidade associada às M&A.

Ademais, os investidores também podem considerar a diversificação de suas carteiras para incluir empresas que são frequentemente mencionadas como possíveis alvos de aquisição. Essas empresas podem se beneficiar de prêmios de aquisição quando forem compradas, o que pode impulsionar o desempenho do investimento.

O impacto das fusões e aquisições em diferentes setores

É importante notar que o impacto pode variar significativamente entre diferentes setores da economia. Em setores muito regulamentados, como telecomunicações e farmacêutica, as transações frequentemente enfrentam um escrutínio rigoroso por parte dos órgãos reguladores, tornando-as mais complexas e sujeitas a atrasos.

Por outro lado, em setores como tecnologia e fintech, as fusões e aquisições podem ser mais frequentes e fluidas, com empresas procurando adquirir tecnologias e talentos para impulsionar sua inovação e crescimento. Isso pode resultar em um ambiente de mercado mais dinâmico, com empresas emergentes frequentemente sendo alvo de aquisições por parte de gigantes do setor.

O ciclo econômico também é importante no volume de fusões e aquisições. Durante períodos de crescimento econômico, é mais provável que as empresas busquem expandir por meio de aquisições, aproveitando o acesso a financiamento e as perspectivas otimistas do mercado.

Em contraste, em tempos de recessão, as M&A podem diminuir à medida que as empresas priorizam a conservação de caixa e a redução de custos.

O papel dos investidores institucionais

Grandes fundos de pensão, companhias de seguros, fundos mútuos e outros investidores institucionais frequentemente possuem grandes participações em empresas de capital aberto, tornando-se partes interessadas importantes em transações de M&A.

Esses investidores podem desempenhar um papel ativo no processo de fusão ou aquisição, expressando opiniões sobre a transação, votando em assembleias de acionistas e, em alguns casos, pressionando por mudanças na estrutura ou nos termos da transação.

Sua influência pode ser particularmente significativa em empresas onde detêm uma participação substancial, uma vez que seu apoio ou oposição pode afetar o resultado da votação dos acionistas.

Além disso, os investidores institucionais também podem utilizar estratégias de arbitragem de risco e investir em fundos especializados em eventos corporativos, buscando lucrar com as flutuações nos preços das ações durante o processo de M&A.

Regulamentação e governança corporativa

Órgãos reguladores têm o poder de revisar e aprovar transações de M&A que envolvam empresas de capital aberto.

As empresas envolvidas em M&A são muitas vezes obrigadas a divulgar informações detalhadas sobre a transação, incluindo os termos financeiros, os motivos para a aquisição e o impacto esperado sobre a empresa resultante. Isso possibilita que os investidores tomem decisões informadas sobre a transação e avaliem seu impacto potencial em suas participações.

A boa governança corporativa também possui um papel fundamental nas fusões e aquisições. Os conselhos de administração das empresas têm a responsabilidade de tomar decisões que maximizem o valor para os acionistas, o que inclui avaliar cuidadosamente as propostas de M&A e garantir que representem o melhor interesse da empresa e de seus acionistas.

O impacto das M&A pode variar entre setores e ao longo do ciclo econômico, e os investidores institucionais desempenham um papel importante no processo. As M&A são uma parte essencial da dinâmica do mercado de capitais e continuarão a moldar a paisagem financeira global no futuro… leia mais em deallink Insight Space 30/01/2024