Assegurar o controle. Essa foi a principal intenção da Marfrig ao comprar, nos últimos dias de dezembro, 5,06% em ações na BRF para alcançar 50,06% de participação. Já a fusão entre as duas empresas, dada como certa por alguns analistas há meses, pode não ser benéfica ao menos no curto prazo, e por isso segue fora do radar.

“Marcos [Molina] tem controle assegurado das companhias sem precisar desse movimento”, disse à reportagem uma fonte próxima às empresas sobre eventual fusão.

Segundo a fonte, o dono da Marfrig não é do tipo que fica com menos de 50% em um negócio e, efetivamente, alcançar essa marca não muda os processos que já estão em curso nas duas gigantes de carnes. “As sinergias estão sendo capturadas no dia a dia e isso [uma fusão] traria certa distração ao time da BRF que está focado no turnaround [dar a volta por cima] sob a batuta do Miguel [Gularte, atual CEO da empresa]”, acrescentou.

Quais as chances de uma fusão entre BRF e Marfrig

Nesse cenário, Molina pode até ir mais além em sua fatia na BRF, “afinal o papel, na avaliação dele, ainda está barato”.

No caso de fusão, quem poderia sair perdendo é a dona da Sadia, avalia Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos. Segundo ele, a BRF está reconstruindo sua reputação como empresa que gera caixa, enquanto a Marfrig enfrenta um cenário complicado devido às margens nos Estados Unidos. A junção poderia prejudicar a BRF, sem grandes compensações.

Na semana passada, quando a Marfrig abocanhou mais um pedaço das ações da BRF, a empresa de Molina reforçou novamente que o movimento não tinha intenção de mudar a estrutura da companhia dona da Sadia, que, na prática, já está sob controle da Marfrig há quase dois anos.

A comunicação oficial é de que não há conversas sobre uma fusão. Mas estava claro que havia apetite dele [Marcos Molina] para aumentar a participação na BRF”, afirmou Alencar. “Agora, no entanto, o mercado pode penalizar alguma redução na liquidez dos papéis, pode começar a ser um incômodo”.

O analista da XP observou que a Marfrig e o Salic, fundo soberano da Arábia Saudita que Molina trouxe para a mesa da BRF no follow on, já detêm juntos 65% das ações da companhia. Caso a expectativa de que o Salic compre mais 10% das ações se concretize, apenas um quarto das ações ficaria no mercado de fato… leia mais em Globo Rural 04/01/2024