A Navegam, logtech de soluções para mobilidade fluvial na região Norte, anuncia nesta quinta-feira (15/12) que recebeu um aporte de R$ 1,5 milhão do fundo gerido pela Bertha Capital em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), lançado em abril deste ano para investir em negócios que gerem impacto na região. Fundada em 2019 por Geferson Oliveira (CEO), Hélio Souza (CMO) e Jorge Alves (CIO), a startup está focada em expandir a operação para atender mais municípios.

A Navegam não tem nenhum ativo físico e atua na comercialização de passagens e na intermediação de pequenos fretes. A startup desenvolveu um sistema para identificar a disponibilidade de espaço em embarcações, para passageiros e mercadorias, potencializando o uso do modal fluvial, principal meio de transporte no Amazonas, onde 65% dos municípios são acessados apenas por barco. As passagens podem ser compradas pelo e-commerce ou via vendedores e agências cadastrados na plataforma da startup, que fica com um comissionamento de 10% a cada tíquete vendido, no caso de passageiros, ou entre 30% e 40%, no caso de mercadorias. “A Navegam não substitui o vendedor, nós agregamos valor ao trabalho deles, porque conseguem vender mais pelo nosso aplicativo, tendo acesso a mais de 100 embarcações”, explica Oliveira.

Criada por professor Navegam capta R$ 1 5 milhão

A startup surgiu a partir de uma demanda do CEO. Professor, ele participou de um processo seletivo para lecionar em uma universidade em 2015, mas não se atentou a um detalhe no edital: as aulas seriam ministradas no interior do Amazonas e era muito caro voar até a localidade. “Sou do Amazonas, mas nunca tinha ido para o interior de barco. Não sabia dessa complexidade e dificuldade que os amazonenses sofrem diariamente”, relembra.

Ao lado de Souza, que foi seu aluno, e Alves, amigo de longa data, ele fundou a Navegam. A startup teve início após investimento de R$ 10 mil dos sócios. O objetivo é digitalizar o transporte fluvial, uma cadeia ainda tocada na base do improviso, com pouca tecnologia para auxiliar na logística. Antes de receber o aporte da Bertha Capital, a Navegam havia recebido R$ 1,4 milhão entre 2019 e 2021, participando de programas de aceleração.

A startup promove um impacto social importante, conectando pequenos municípios do interior e comunidades ribeirinhas, que passam a ser atendidos com mais eficiência e rapidez. Com a inteligência logística também é possível queimar menos combustível, porque as embarcações trabalham em plena capacidade, sem retorno de barcos vazios. Atualmente, 65% das embarcações que realizam o transporte fluvial de mercadorias no Norte do país fazem parte da base da Navegam. Sessenta e dois municípios do Amazonas, cinco do Pará e a capital de Roraima, Boa Vista, já são atendidos pela startup.

Segundo o CEO, a empresa vai encerrar 2022 perto da marca de 180 mil entregas realizadas – em Manaus, a Navegam realiza mais de mil fretes por dia, em parceria com empresas regionais, para operacionalizar o last mile fluvial. “Qualquer empresa que queira enviar para o interior tem de ir ao porto de Manaus para verificar a disponibilidade de frete. Contratando a Navegam, retiramos do centro de distribuição, colocamos no barco e entregamos na casa do cliente. Muitas empresas não investem na região Norte por não conhecer a logística e queremos ser referência para essas empresas”, pontua Oliveira. Os números de comercialização de passagens também são expressivos: a startup vendeu cerca de R$ 14 milhões em tíquetes em 2022.

Segundo o mapeamento do ecossistema de inovação feito pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) em 2022, apenas 5% das empresas entrevistadas eram do Norte do país – enquanto mais de 50% eram do Sudeste. O potencial da região foi o que chamou a atenção da Bertha Capital e gerou a criação do fundo focado em investir nas startups locais. “É uma região com tecido industrial relevante, um dos pólos industriais do país, mas vemos pouca densidade de startups. Como fazer essa revolução no Amazonas?”, questiona Rafael Moreira, CEO da gestora. O fundo foi lançado no início de abril, com a meta de captar R$ 100 milhões. Segundo o executivo, já foram levantados R$ 50 milhões – industriais da região são os principais investidores.

O primeiro aporte do fundo é o da Navegam. A vantagem competitiva que a startup oferece no last mile e nas entregas de mesmo dia, questões estratégicas para o e-commerce, atraiu a Bertha Capital. “Vimos grande potencial. A Amazônia Legal conta com 12 bacias hidrográficas, por onde são transportadas 25 milhões de toneladas de carga. Acreditamos que com nosso aporte eles terão a capacidade para se consolidar como principal player e ser a principal startup consolidadora da região”, afirma Moreira.. leia mais em PEGN 15/12/2022