Uma companhia brasileira, e também a única latino-americana, recebeu o score triple A de sustentabilidade na métrica do CDP, uma ONG conhecida anteriormente como Carbon Disclosure Project e que é referência do tema. A fabricante de papel Klabin, pelo segundo ano consecutivo, figura entre as seletas 12 companhias no mundo que receberam nota máxima nos três critérios avaliados pelo projeto: impacto nas mudanças climáticas, florestas e segurança hídrica.

Outras quatro brasileiras — a Suzano, do mesmo setor de papel e celulose, a fabricante de alumínio CBA, a Dexco (ex-Duratex, produtora de painéis de madeira e louças e metais sanitários) e a telecom Telefônica Brasil — também estão na lista com nota máxima em pelo menos uma das categorias. A empresa de bebidas AB Inbev, que tem parte do sangue brasileiro, também consta nesse grupo.

Entrar nesse clube é um desafio. Neste ano, entre as 18,5 mil que toparam compartilhar dados, apenas 330 conseguiram ao menos uma nota máxima nos indicadores. Já o grupo triple A ficou ainda mais seleto, já que no ano passado contou com 14 companhias. Esta é a sétima edição do levantamento, que é atualizado anualmente. A equipe do CDP procura as maiores empresas do mundo para que, voluntariamente, disponibilizem suas medidas e controles de ESG para análise.

Na lista do CDP só 12 empresas no mundo são triple A em ESG

Todos os anos, o próprio CDP admite que sobe a barra. Cinco companhias perderam seu score triple A desta vez, depois que a avaliação adotou a meta do acordo de Paris, de 1,5ºC, para o aquecimento global. A japonesa de alimentos Fuji Oil, a americana IFF, de cosméticos, o grupo britânico de papel e embalagens Mondi, a fabricante alemã de produtos químicos Symrise e a Unilever. Entraram para o topo apenas três: a Beiersdorf, dona da Nivea, a LVMH e a UPM-Kymmene, finlandesa do ramo de papel.

A jornada das companhias é de longo prazo. Desde 2003, quando publicou seu primeiro inventário de carbono, a Klabin reduziu em 67% suas emissões por tonelada de produto. O consumo específico de água nas fábricas também foi cortado em 52%. Hoje, 89,5% da energia utilizada nas plantas vem de fontes renováveis e 42% das florestas sob administração da companhia é de Mata Atlântica nativa — mais que o dobro da obrigação legal, que é 20%.

“O resultado é um trabalho de décadas”, diz Marcos Ivo, diretor financeiro e de relações com investidores da Klabin ao Pipeline. “Hoje, estamos bem posicionados e continuaremos evoluindo. Até porque todas as ações que são benéficas para o meio ambiente, são positivas para os resultados da companhia e seus acionistas: se a gente reduz o consumo de água, também é menos custo de produção, por exemplo.” Julio Nogueira, gerente de sustentabilidade e meio ambiente, emenda que tem a ver com a cultura da companhia também.

A Suzano, concorrente no setor, também figurou na seleta lista pela primeira vez, com score A no quesito segurança hídrica. Nos outros dois quesitos analisados, a companhia teve a segunda pontuação mais alta da análise, nota A-. “Dentre as mais de 330 empresas globais que atingiram a nota máxima em ao menos um dos quesitos, apenas oito delas são latino-americanas. A presença da Suzano no seleto grupo do ‘A List ‘do CDP é, portanto, uma comprovação de sua atuação em toda a cadeia de valor, garantindo uma gestão e performance em sustentabilidade nos três temas avaliados”, disse a empresa em nota.

Na semana passada, a companhia da família Feffer figurou novamente no DJSI, índice de sustentabilidade da Dow Jones que só considera a melhor de cada setor na região. Como ficou empatada com a chilena CMPC, as duas entraram na lista dos Emerging Markets. Mas como ESG é uma construção e uma batalha diária, um grupo de mais de 40 ONGs pediu ao IFC que vete o financiamento à nova fábrica de celulose da companhia no Mato Grosso de Sul, mostra hoje o Valor.

No CDP, o contragolpe ambiental foi sentido por quase 30 mil companhias, que juntas formam um valor de mercado de US$ 24,5 trilhões e receberam nota F, a pior possível, depois de se recusarem a fornecer dados sobre suas métricas de sustentabilidade…. leia mais em Pipeline 15/12/2022