Executivos da área de mercados de capitais permanecem com uma visão positiva em relação a ofertas de ações de companhias brasileiras neste ano, mesmo após um segundo trimestre aquecido e um começo de semestre também movimentado, reflexo de uma melhora da percepção de risco do país.

Por ora, contudo, devem prevalecer as ofertas subsequentes, embora ofertas iniciais de ações, os IPOs, não estejam descartadas, em especial no final do ano.

De acordo com estimativa de Roderick Greenlees, chefe global da área de banco de investimentos do Itaú BBA, que afirma estar construtivo com o cenário, 2023 deve terminar com entre 25 a 35 operações (follow-ons e eventuais IPOs), algo da ordem de 40 bilhões a 50 bilhões de reais.

Neste ano, após uma operação nos primeiros três meses de 2023, em março, o período de abril a junho contou com oito ofertas subsequentes de ações e o mês corrente já registrou outros quatro follow-ons.

Assaí, Hapvida, Dasa, Orizon, Smartfit, Oncoclínicas, CVC Brasil, Localiza, Vamos, Direcional, Hidrovias do Brasil, BRF e MRV&Co acessaram o mercado de capitais.

O volume total das operações, de acordo com dados da B3 e a partir de comunicados das empresas, alcança 22,3 bilhões de reais. Em todo o ano de 2022, foram 19 operações, que somaram 57,7 bilhões de reais, sendo que apenas a capitalização da Eletrobras respondeu por 33,7 bilhões desse total. Não aconteceram IPOs.

Este ano houve operações apenas com ofertas primárias ou secundárias ou envolvendo ambas. Também houve negócios em que o controlador acompanhou aportes, outros que serviram para a saída de acionistas com participação relevante. Companhias também aproveitaram para buscar recursos para melhorar estrutura de capital e reduzir dívida, enquanto outras miraram expansão.

janela para follow-ons no Brasil segue aberta

JANELA AINDA ABERTA

Greenlees avalia que deve haver mais uma ou duas transações utilizando os resultados do primeiro trimestre, entre julho e agosto, com follow-ons potencialmente voltando no final do próximo mês ou setembro após os balanços do segundo trimestre serem publicados e as férias no hemisfério norte terem acabado.

“As empresas quem têm projetos ou que querem se alavancar não vão esperar…não temos razão para prever um fechamento dessa janela”, afirmou o executivo.

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IPOS NO 4º TRI

Em relação a IPOs, Greenlees, do Itaú BBA, avalia que se os follow-ons mantiverem o desempenho recente será possível viabilizar as primeiras ofertas iniciais de ações eventualmente no quarto trimestre. E ele calcula que não serão operações menores que 1,5 bilhão de reais e que haverá mais seletividade.

“Não será como foi o ultimo ‘boom’ que tivemos, com todos os setores, tamanhos…serão operações que terão liquidez”, disse. “Uma lição que o mercado aprendeu é que operações menores geram menos liquidez, o que é ruim no momento de retração do mercado, porque você não consegue sair da posição com muita facilidade.”

Em 2021, foram 46 IPOs e os papéis de várias empresas novatas sofreram, em meio a uma piora nos cenários político e fiscal no país e preocupações com o ritmo de crescimento mundial. Março daquele ano também marcou o início do ciclo de aperto monetário no Brasil. O Ibovespa caiu quase 12% em 2021.

Costa, do Santander Brasil, afirmou acreditar que também haverá IPOs, mas poucos, este ano. Ele avalia que esse movimento dependerá muito da performance da bolsa brasileira, quanto as ações ainda podem subir, como será a reação à decisão de juros do BC no dia 2 de agosto e qual será o desfecho da reunião do Copom em setembro.

“Se a bolsa reagir bem, acho que podemos ver alguns IPOs… Uma mão cheia (de IPOs) eu acho bem possível”, estimou… leia mais em InfoMoney 21/07/2023