Primeira brasileira a se listar na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) neste ano, a Ambipar Response tem apetite por mais aquisições nos Estados Unidos, mas admite que o cenário macroeconômico global impõe “cautela” na hora de assinar novos cheques. A ambição da companhia, com foco na prevenção e gestão de acidentes industriais e ambientais, é se tornar um grande player local no país e, em paralelo, avançar em outros cantos do mundo. Dentre os mercados que aguçam o seu interesse, estão os Emirados Árabes.

A Ambipar Response abriu capital na Nyse, na quinta-feira (9), em meio a um ambiente de bastante volatilidade por conta dos temores de mais subida de juros nos EUA. É a primeira brasileira a colocar os pés em Wall Street em 2023, depois de um ano escasso para emissores do País. Seus papéis começaram a ser negociados na última segunda-feira, dia 06.

O desembarque na Nyse vem após a Response concluir uma fusão com a HPX Corp, uma empresa de aquisição com propósito específico (Spac, na sigla em inglês), estrutura também conhecida como “cheque em branco”. Já listada em Nova York, tem como sócios os brasileiros Rodrigo Xavier, ex-Bank of America, Bernardo Hees e Carlos Piani. A transação capitalizou a Ambipar Response em mais de US$ 174 milhões e culminou com a sua chegada a Wall Street.

Para grupo, listagem na Nyse “representa tudo”

Para o dono e presidente do Conselho de Administração do grupo Ambipar, Tércio Borlenghi Júnior, a listagem na Nyse é um passo “bem importante”, ainda mais em um “cenário difícil”. De poucas palavras e estilo ‘low profile’, ele diz que o passo “representa tudo” no grupo.

“Somos uma empresa brasileira trazendo know-how para cá. Não existe hoje um player que consolide tudo isso”, afirma Borlenghi Júnior, em entrevista exclusiva ao Broadcast. Enquanto caminha com destino ao toque de abertura da Nyse, não esconde a emoção: “Imagina a emoção, somos uma empresa brasileira”.

Para a Ambipar Response, a América do Norte representa um vetor de crescimento duplo. Além do espaço para atacar e crescer no segmento de gestão de crises ambientais, sendo esse um dos focos principais da agenda do presidente dos EUA, Joe Biden, há o fato de o segmento ser extremamente fragmentado no país. A maior empresa do setor não tem nem 3% do mercado doméstico e sua atuação é mais focada em resíduos.

“O espaço aqui nos Estados Unidos é muito grande”, diz Borlenghi Júnior, acrescentando que o apetite da empresa para novas aquisições é “total”.

O último movimento da Ambipar Response nesse sentido foi a compra da norte-americana Witt O’Briens, líder global de gestão de crises e emergências. Avaliada em US$ 161,5 milhões, foi a maior aquisição de sua história.

Co-Chairman da HPX Corp, Rodrigo Xavier, destaca a oportunidade de a brasileira Ambipar Response se tornar um player “relevante” no mundo. Segundo ele, a HPX Corp não está entrando na companhia como um “mero investidor financeiro”, mas quer agregar valor, permanecendo no capital da companhia por longo prazo. “O SPAC, para mim, é capital intelectual, não só financeiro”, diz Xavier, ao Broadcast.

Empresa ingressa na Colômbia e avalia Emirados

Presente em 39 países e líder no Brasil, Chile e Peru, a Ambipar Response está ingressando na Colômbia, onde também fez uma aquisição, mas considera desbravar novos mercados como, por exemplo, os Emirados Árabes. “Os Emirados Árabes têm bastante coisa”, afirma Borlenghi Júnior. Sem dar mais detalhes quanto a um futuro ingresso no país, diz que o potencial é grande devido à atividade de petróleo, o que reforça a necessidade de gestão de crises ambientais.

De acordo o diretor financeiro do Grupo Ambipar, Thiago Costa, a Ambipar Response tem um pipeline de aquisições no radar, mas vai crescer “com pés no chão”. “Estamos olhando. É lógico que 2023 agora com cautela, né? O custo de capital aumentou bastante não só no Brasil, como aqui. Estamos olhando e não vamos deixar de crescer”, afirma o executivo, em entrevista ao Broadcast. O foco é concentrar novas aquisições nos EUA, mas outros mercados como, por exemplo, o brasileiro, não são descartados… saiba mais em Estadão 10/03/2023